Quem vai e vem utilizando o transporte coletivo do Sistema Metrocard muitas vezes está numa correria danada. Seja para ir para escola ou para o trabalho, seja para chegar logo em casa e ter o merecido descanso depois de um dia de labuta. Nesta efervescência diária, os comerciantes informais que ganham o pão nos arredores dos terminais da Rede Integrada de Transportes acabam sendo uma mão na roda pra quem está em trânsito.
Se bater aquela fominha, sempre tem algum petisco à venda. Quer adoçar a vida? Também tem toda a sorte de doces. Pra sede? Outras tantas opções. Aqueles que precisam de acessórios para o frio, como meias e cachecóis ou daquela toalhinha de crochê pra enfeitar a casa, também podem recorrer ao comércio informal nos arredores dos terminais. Há ainda capinha de celular, brinquedinhos e até vassouras!
Elaine Carvalho é daquelas comerciantes que recebem os clientes de sorriso aberto e com uma dose extra de simpatia. Carioca da gema, ela começou a vender produtos de beleza nas proximidades do Terminal Maracanã, em Colombo. “Trabalho com pronta-entrega, mas os clientes também podem escolher nos catálogos, já que sou representante de várias marcas. Aí marco um dia específico para trazer a encomenda”, diz.
Ela chegou a pesquisar sobre a possibilidade de alugar uma loja, mas recuou diante dos valores apresentados. Então, ao constatar a grande movimentação de passageiros da Metrocard nas proximidades do terminal, acabou pedindo licença para os colegas que também vivem do comércio informal.
“Primeiro vim com um carrinho, depois com um varal e agora arrumo os produtos na mesa, que permite que a clientela visualize os produtos de uma maneira melhor”. A simpatia de Elaine acabou rendendo até um “apoio publicitário” de um comerciante da região. Pela caixa de som da loja de óculos, é possível ouvir o convite para visita ao ponto da Elaine. “Um dia desses ele anunciou um “batom contra o frio” que vendo aqui e choveu cliente”, comemora.
- Economia de tempo
- Os totens de autoatendimento da Metrocard são outra facilidade para aquele passageiro que está sempre na correria e não tem muito tempo a perder. Por meio dos terminais, é possível não apenas carregar ou recarregar o cartão de transporte como também fazer a recarga do celular, comprar jogos ou softwares e até pagar aquele boleto que está perto de vencer. Atualmente, há máquinas disponíveis aos clientes no Terminal Central de Araucária, no Terminal Novo da Fazenda Rio Grande, no Terminal de Pinhais, no Terminal Piraquara, no Terminal Maracanã, no Terminal Guaraituba, no Terminal Central de São José e na Estação Tubo da Praça Rui Barbosa. Na sede da Metrocard também é possível aproveitar esta facilidade. O próximo ponto que deve receber um totem é o Terminal Afonso Pena.
Do lado dela, o senhor Perci Lopes, diariamente, abre uma banqueta de madeira, coloca uma toalhinha branca e espalha toda a sorte de doces. E enquanto os clientes não chegam na busca por uma guloseima para adoçar a vida, ele caprichosamente empunha uma vassoura para deixar a calçada ao redor de seu comércio bem limpinha. “Eu sou jardineiro e saí do emprego há dois meses. Como temos que lutar e trabalhar, encontrei aqui uma oportunidade, já que é um grande corredor de pessoas indo e vindo. Nem sempre o pessoal compra, mas ao menos troca uma ideia, que já vale muito”, afirma. A vassoura, é bom lembrar, é vendida por um colega que também é um comerciante informal.
Passageira da Rede Integrada de Transporte, a auxiliar de produção Gesiane Sobrinho, sempre que pode, prestigia a turma do comércio informal em Colombo. “Já estive no lugar deles e sei como é importante quando alguém dá preferência a estes trabalhadores, que encontraram um modo de ganhar a vida em tempos de desemprego”. Grávida de um menino, ela aproveita a oferta de produtos de lã e crochê para dar aquele toque especial no enxoval. “Sempre que venho para consulta aqui perto vejo alguma coisinha”.
Vida doce
Quem já tem clientela fiel há quase dez anos nas proximidades do Terminal Piraquara é o senhor Lisandro Moraes, que se especializou na arte de fazer um caldo de cana pra lá de especial, nos sabores limão, abacaxi ou gengibre. O novo trabalho veio após a aposentadoria, que rende a ele um salário mínimo ao mês. “Fui motorista de caminhão, mas quando parei, vi que teria de ter outra alternativa. Hoje, a venda do meu produto reforça a renda”, diz.
Com movimento mais intenso a partir da hora do almoço e nos dias quentes de verão, ele garante que, no entanto, tem clientes que sempre aparecem, faça chuva ou faça sol. “Ando meio debilitado de saúde e quando não venho, tomo bronca daquele pessoal que sempre vem prestigiar”.
A lojista Brenda Teixeira não perde a chance de saborear um caldo de cana sempre que pode e acha que trabalhadores como o senhor Moraes são fundamentais para quem circula pelos terminais da Região Metropolitana de Curitiba. “Pra quem está na correria do dia a dia, é sempre bom ter um produto de qualidade à disposição”. É uma relação na qual, claramente, todo mundo sai ganhando!