Por Renyere Trovão, especial para a Tribuna do Paraná O fim da produção nacional de veículos pela Ford impactou não […]

Por Renyere Trovão, especial para a Tribuna do Paraná

O fim da produção nacional de veículos pela Ford impactou não só nas vendas da companhia norte-americana, com uma queda expressiva em janeiro, como também fez muitos clientes buscarem negociar seus carros. E algumas marcas absorveram essa procura, oferecendo condições especiais na troca de um Ford por um modelo zero km.

É o caso da Toyota e da Kia Motors. Já havia uma migração observada há algum tempo com a paralisação da produção e da comercialização do Fiesta e do Focus, diz Moacir Cossia, diretor-presidente do Grupo Sulpar, responsável pela operação das marcas em Curitiba. “Porém, agora está mais acentuada com o anúncio da saída da fábrica do Brasil”, destaca.

O número de emplacamento de unidades zero km do Ka e do Ecosport caiu pela metade. O hatch compacto, por exemplo, quinto mais vendido em dezembro passado, despencou para 14º em janeiro – de 8.066 para 3.433 exemplares -, segundo dados da Fenabrave (associação que reúne os concessionários).

O número de modelos da Ford no showroom de seminovos cresceu após o anúncio do fim da produção. Foto: Rodolfo Buhrer

E é justamente esse modelo, ao lado do Fiesta, que tem sido a principal opção de seminovos da Toyota Sulpar e Kia Sulpar – as duas lojas agora ocupam a mesma área, no bairro Hauer.

“Só no mês de janeiro captamos e vendemos vários veículos da Ford, entre Ka e Fiesta”, conta Francisco José da Silva, gerente de Pós-Venda da Kia Sulpar.

Cliente Ford troca por modelos do mesmo segmento

A escolha do modelo zero km pelo cliente que vem da Ford mostra que a troca se deve, principalmente, pelo receio da desvalorização. Quem chega com Ka hatch ou sedã na concessionária curitibana busca Etios, Yaris ou Rio na mesma carroceria.

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De acordo com Priscilla Polli, gerente Comercial de Vendas de Novos e Seminovos da Toyota Sulpar, os donos de Ka são a maioria, mas ela projeta que o lançamento do SUV compacto Corolla Cross em breve fará aparecer também proprietários de Ecosport. 

Priscilla diz ainda que quase todos buscam um modelo novo, e não um seminovo, mesmo porque os estoques nessa categoria estão bem reduzidos devido à alta demanda.

Priscilla Polli, gerente Comercial de vendas de Novos e Seminovos. Foto: Rodolfo Buhrer

Valor Fipe mesmo com a desvalorização

Uma pesquisa da Kelley Blue Book Brasil (KBB), empresa especializada em cotação de preços de novos e usados, constatou que o Ka foi o modelo mais desvalorizou em 2020 entre os dez carros mais vendidos. O decréscimo foi de 13,51% no primeiro ano de uso.

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“É natural que a desvalorização do usado que deixa de ser produzido seja maior, em função da desconfiança do mercado e dos consumidores em relação ao produto e ao pós-venda”, observa Moacir Cossia.

Moacir Cossia, diretor-presidente do Grupo Sulpar. Foto: Rodolfo Buhrer

Mesmo assim, o Grupo Sulpar decidiu oferecer condições especiais aos donos de modelos nacionais da Ford, especialmente na hora de precificar a avaliação do usado ou seminovo. Ele praticamente segue os parâmetros usados para modelos de outras marcas ainda em produção.

“O preço sempre acompanha o valor de mercado, mas estamos olhando com muito carinho esses proprietários de Ford. Até pagando o valor da tabela Fipe na troca por um zero km”, salienta Francisco José.

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No entanto, assim como os demais usados que chegam à Sulpar, é preciso observar certos critérios na hora da avaliação para conseguir Fipe “cheia”. De cara, é preciso apresentar as condições mais favoráveis para uma revenda posterior na loja.

Ou seja, ele precisar estar com as manutenções periódicas em dia, não ter sofrido nenhum tipo de sinistro, apresentar a quilometragem adequada ao tempo de uso e, finalmente, ser aprovado na perícia veicular feito pela autorizada.

“Fazemos uma avaliação analisando as questões gerais do veículo, como lataria, pneus, manutenção, quilometragem, preço referência no mercado, histórico do carro e, após a conclusão do negócio, realizamos a vistoria veicular”, explica Fabio Calligari, diretor de Operações do grupo paranaense.

Fabio Calligari, diretor de Operações do Grupo Sulpar.. Foto: Rodolfo Buhrer

Mesmo que não se atinja o valor pretendido pelo cliente, o executivo garante que a preocupação da empresa é ser a mais justa possível. “Quase sempre conseguimos fazer uma boa negociação para ambos”, finaliza.

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