Pra muitos, a BR-277 não é apenas uma viagem. É a segunda casa!
Enquanto para algumas pessoas o trecho da BR-277 entre Curitiba e São Luiz do Purunã é apenas uma parte do trajeto, para outras a rodovia é a segunda casa. Em média, trafegam por ali 27 mil veículos por dia.
A qualquer hora
Alfranio Machado literalmente “mora” na rodovia. O jovem, de apenas 18 anos, trabalha e vive em uma borracharia contêiner, que fica no estacionamento de um posto de gasolina, em São Luiz do Purunã. Ele terminou o ensino médio e atua como borracheiro há quatro meses. “Eu trabalho das 7h à meia-noite, mas se precisar, na madrugada eu levanto pra atender”, explica.
A quantidade de serviço varia conforme o dia. Segundo Alfranio, quando tem movimento não dá pra contar o número de carros que ele troca o pneu. “Sempre acontece de ir do outro lado socorrer o pessoal. Pego as coisas e leva lá. Tem que tomar cuidado para atravessar”, revela. O pai do jovem mora em Ponta Grossa, e às vezes passa o fim de semana com o filho na borracharia. Quando não tem movimento, ele se distrai no telefone celular. “Com a internet, a gente fica vidrado, assiste um filme e passa o tempo”.
Popular
José Ramos tem 66 anos e há 28 trabalha como frentista de um posto de gasolina na beira da estrada, em Campo Largo. “Passo mais tempo na rodovia do que na minha casa”, diz. Ele chega às 5h30 e sai às 17h, todos os dias. A função de José é atender caminhoneiros e veículos de empresas que abastecem no posto. Em todo esse tempo ele ficou popular pelos clientes. “Mais de uns 10 mil me conhecem, e eu não conheço mais de 100”, afirma. Mas um cliente se tornou especial: o Paulo. E já são 26 anos de amizade. “Ele trouxe a filha bebê pra eu conhecer, e hoje ela é formada”, conta.
Por acaso
Jorge Luiz Bressan, 46, também já presenciou várias situações na rodovia. Ele trabalha na CCR Rodonorte há 19 anos. “É uma vivência de vida, muitas experiências, boas e tristes, mas tudo para garantir o melhor atendimento às pessoas que aqui trafegam”. Jorge entrou na profissão de inspetor de tráfego por acaso. Quando foi aberta a vaga, ele nem sabia o que era isso, e acabou gostando. Agora ele trabalha como motorista e socorrista na equipe de resgate da concessionária. O plantão de 12 horas faz com que José passe mais tempo no posto de atendimento do que em casa. “São duas famílias, uma aqui e outra em casa”, afirma.
A rotina dele é conviver com as ocorrências da rodovia. “A hora que for chamado, independente das condições, a gente tem que ir atender o acidente”, relata. Para ele, a maior recompensa do trabalho é o agradecimento. “O que mais nos deixa bem é quando a pessoa agradece pelo serviço prestado. O muito obrigado é o mais gratificante”.
No improviso
A estrada também é a segunda casa de Idebrando Luiz Vieira, 41. O caminhoneiro sai de Campo Largo (PR) e viaja seis dias até entregar a carga em Goiana (PE). A saudade da família, que mora em Araújos (MG), incomoda. “É a parte mais difícil que tem, mas de vez em quando a patroa vem junto, aí ameniza um pouco a saudade”, diz.
A rotina não é fácil. A comida é feita na cozinha improvisada no caminhão. “Para tomar banho, tem que contar com o posto. Mas tem posto que se não abastecer nem banho pode tomar”, revela. Idebrando ama o que faz e garante que toma todo cuidado possível para não se envolver em acidentes. “Pista molhada, neblina, tem muito acidente porque os irresponsáveis não respeitam o limite de velocidade. A rodovia é bem sinalizada”.
Paixão
Em comum, todos têm o amor pelo asfalto e pelo vai e vem dos veículos. “Adoro o que faço, não vou sair daqui. Já tentei fazer outra coisa e não consigo. Não vejo o tempo passar. Quando vejo, está na hora de ir embora”, confessa o frentista José Ramos. O motorista e socorrista Jorge Luiz pretende continuar na profissão por muito tempo. “Até a hora que o corpo falar que não dá mais. Enquanto eu puder e tiver forças e saúde, pretendo permanecer na rodovia”, ressalta
Artéria do Paraná é uma série especial que mostra a importância da infraestrutura rodoviária para o desenvolvimento do país.