A Band TV abriu, no fim da noite desta segunda-feira (14), a série de debates programados para o segundo turno entre os candidatos à prefeitura de Curitiba Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB). No primeiro turno, os dois candidatos protagonizaram uma disputa equilibrada nas urnas pelos votos dos curitibanos.
O debate começou com a pergunta da candidata Cristina Graeml sobre as denúncias de assédio eleitoral na prefeitura de Curitiba, com suspeita de coação de venda de convites para um jantar de arrecadação para a campanha de Eduardo Pimentel. O vice-prefeito reafirmou que não tem responsabilidade sobre o ocorrido e acusou a candidata de desinformação.
“Fiquei indignado, mas é um fato isolado”, disse Pimentel, ao pontuar que o então superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura de Curitiba, Antonio Carlos Pires Rebello, foi exonerado após o caso e que uma comissão interna foi aberta na prefeitura da capital para investigar o caso.
A candidata do PMB afirmou que Pimentel usa muito a expressão fake news, que seria tipicamente de esquerda e perguntou sobre outros nomes citados nos áudios vazados que deram origem à investigação sobre o assédio eleitoral na prefeitura. O candidato do PSD rebateu com outra acusação, de que Graeml teria ocultado bens na declaração de imposto de renda entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O vice-prefeito ainda completou que o vice da chapa de Graeml, Jairo Filho, teria sido condenado em processos na Justiça.
Apoio de Bolsonaro é disputado também durante debate na Band Curitiba
Na campanha eleitoral, Pimentel e Graeml disputam o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O partido dele integra a chapa de Pimentel, com a indicação do ex-deputado federal Paulo Martins como candidato a vice-prefeito. Mesmo assim, Bolsonaro autorizou a candidata conservadora a divulgar foto e vídeo com ele.
Pimentel provocou a adversária. “Em 2022, quem fez campanha pelo Bolsonaro fui eu; eu não sei onde a senhora estava, mas eu estava trabalhando. Nossa cidade não quer saber de ideologia agora, nós queremos administrar”, disse o vice-prefeito.
Graeml rebateu apontando que o PSD de Pimentel tem três ministérios no governo Lula (PT) e faz parte do Centrão. Ela ainda emendou dizendo que o adversário “passou o primeiro turno falando que era o candidato do Bolsonaro”, mas sem receber de fato o apoio do ex-presidente. “O Bolsonaro sequer passou por aqui para se vincular ao Centrão do PSD, apesar de ter viajado pelo país e pelo Paraná inteiro.”
Segundo o formato do debate proposto para os poslutantes à prefeitura de Curitiba, cada candidato tinha um banco de tempo para administrar livremente ao longo dos blocos do confronto. A emissora reservou um espaço para 200 convidados de cada candidato para o evento.
O primeiro e o terceiro bloco foram de confrontos entre os candidatos com perguntas de tema livre e administração do tempo de 12 minutos. No segundo bloco, os candidatos se alternaram para as perguntas com réplica e tréplica. O debate da Band em Curitiba foi mediado pela jornalista Alessandra Consoli.
Candidatos revivem discussão sobre a pandemia
A posição frente à pandemia de Covid-19 foi retomada pelos candidatos à prefeitura de Curitiba no debate da Band. Pimentel acusou Graeml de permanecer “na segurança do lar, gravando vídeos, às vezes com informações e, às vezes, com desinformações” e completou dizendo que não parou de trabalhar “nem um dia sequer” na administração pública durante a crise de saúde pública.
Em seguida, ele questionou a candidata do PMB sobre o posicionamento em relação à vacinação e se ela foi imunizada contra a Covid-19. Graeml respondeu que ela e a família estão com o calendário de vacinação completo e criticou as restrições impostas ao comércio na capital paranaense durante os períodos mais críticos da pandemia. “Que bom que o senhor admitiu que estava todo ‘serelepe‘ enquanto os curitibanos estavam trancados em casa por imposição do seu governo”, rebateu ela.
A candidata também destacou que defendeu o direito ao emprego pois, de acordo com ela, muitos empresários curitibanos “quebraram” em decorrência das medidas aplicadas pela gestão do prefeito Rafael Greca e do vice Eduardo Pimentel. O candidato chamou Graeml de “arrogante” por anunciar a médica Raíssa Soares como secretária da Saúde em uma eventual gestão pública municipal e afirmou que a escolhida por ela ficou conhecida em Porto Seguro (BA) pela “distribuição de cloroquina sem embasamento técnico”.
Outro assunto escolhido pelo vice-prefeito para ser evidenciado no debate televisivo da Band se referiu à construção do plano de governo da adversária. Segundo Pimentel, “a imprensa noticiou que 80% do plano de governo” de Graeml foi feito com o uso de inteligência artificial.
Ele repetiu, por diversas vezes, a crítica de que a candidata não apresentava propostas. “Se tiver mais um problema de saúde pública ou educação, a senhora vai perguntar para o ChatGPT como administrar a cidade?”, provocou ele. Graeml respondeu que Pimentel faltava com respeito aos 200 voluntários que participaram da construção do plano de governo dela, após debates sobre temas da cidade. A candidata solicitou sete pedidos de resposta à organização do evento da emissora, mas nenhum deles foi atendido.
Reta final do primeiro turno foi marcada por acirramento entre campanhas
No centro da maior coligação do pleito municipal, com apoio do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Junior, ambos do PSD, o vice-prefeito Eduardo Pimentel teve 313.347 votos no último dia 6 (primeiro turno), número que representa 33,51% dos votos válidos. A surpresa da primeira disputa foi a candidata do PMB, que cresceu na reta final da campanha e recebeu 291.523 votos, 31,17% da preferência do eleitorado na capital paranaense.
Com a baixa representatividade do PMB no primeiro turno, Pimentel e Graeml se encontraram apenas no último debate antes da votação, realizado pela RPCTV, filiada à Rede Globo, no qual os dois trocaram acusações. Graeml lembrou das suspeitas de assédio eleitoral contra servidores da prefeitura, que teriam sido coagidos a comprar convites para um jantar do PSD como doação para campanha do vice-prefeito.
Pimentel acusou a adversária de disseminar “fake news e desinformação” e de não apresentar propostas durante o encontro. Graeml é autora de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra o vice-prefeito na Justiça Eleitoral após o vazamento de áudios dos supostos servidores coagidos.