As movimentações políticas relacionadas às Eleições de 2024 começam a ser mais observadas a partir de agora, especialmente com a realização das convenções partidárias. Até 5 de agosto, os partidos políticos podem realizar esses eventos que discutem a formação das coligações e os nomes daqueles que irão disputar as eleições municipais.
Vale lembrar que todos esses nomes só serão definitivos após o dia 15 de agosto, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar os candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
Além dos candidatos à Prefeitura de Curitiba, também é importante ficar atento aos pré-candidatos a vice-prefeito, já que se propõe a trabalhar em conjunto com o eleito durante os quatro anos. Fazendo uma análise geral dos vice-prefeitos de Curitiba, o Doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Urizzi Cervi explica que, historicamente, a capital paranaense apresenta uma tendência de encontrar um vice que complemente o candidato a prefeito.
“Em geral, quando o candidato a prefeito é político, já com carreira, trajetória, o candidato a vice tende a ser alguém que complementa do ponto de vista técnico, burocrático. Ou o contrário. Se o candidato a prefeito não é um político, o vice tende a ser um político conhecido”, afirma.
Histórico dos vices em Curitiba
O cientista político utiliza como exemplo a eleição de 1988, que elegeu Jaime Lerner como prefeito de Curitiba. “Ele já tinha sido prefeito duas vezes nos anos 70, mas era biônico, ele nunca tinha sido testado nas urnas. Ele era conhecido, mas apesar de ser conhecido não tinha sido votado. A estratégia deles foi colocar um candidato a vice que já era político e era conhecido, que foi o Algaci Tulio. Radialista, político e já eleito, complementou o perfil técnico do Jaime Lerner”, diz.
Para Cervi, o mesmo pode ser observado com Taniguchi, prefeito entre 1997 e 2004. Técnico do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), ele apostou em Agalci Tulio e depois em Beto Richa – também já conhecido no mundo da política, para ser eleito e reeleito prefeito da cidade.
“Ai veio o Beto Richa como candidato a prefeito. Quem era o vice? O [Luciano] Ducci, que até então também não tinha tradição em disputar eleição. Então a gente tem em Curitiba, não só em Curitiba, mas aqui também reforça essa ideia de complementariedade entre os candidatos bem sucedidos”, completa o cientista político.
Por candidatos bem sucedidos, Cervi não se refere apenas aos que venceram a eleição, mas também aos que foram bem votados nas urnas.
Como está a escolha dos candidatos a vice-prefeito de Curitiba?
Sem se prender muito aos nomes divulgados pelo fato de que mudanças ainda podem acontecer, o cientista político analisa que as candidaturas de 2024 não fogem do perfil histórico de Curitiba. Ou seja, a maioria dos pré-candidatos à prefeitura parece estar em busca de um vice que seja complementar.
O vice-prefeito pode tirar votos?
Para Cervi, candidatos a vice-prefeito geralmente contribuem positivamente nas eleições. Ou seja, eles conseguem puxar votos. No entanto, a importância do vice depende do quanto ele aparece na campanha eleitoral.
“Eu diria que o vice tem menos poder de tirar voto, porque se ele tira voto ele aparece pouco na campanha. Se o vice aparece na campanha é porque ele contribuiu, ele dá voto”.
O especialista acrescenta que esse cenário não leva em consideração o envolvimento em um escândalo, por exemplo. Nesse sentido, o vice poderia adquirir uma má imagem para a campanha e ser responsável por diminuir votos.