Vai eleição, vem eleição, e o político brasileiro (profissional ou não) invariavelmente aparece com aquele belo e gorduroso pastel de feira nas mãos. A cena é muito comum durante as campanhas eleitorais. Os candidatos entram numa pastelaria ou vão a uma feira livre qualquer para degustar aquele belo travesseiro de massa recheado e tentar somar alguns pontos de popularidade. Você acha isso simpático ou oportunista? Vote na enquete ao final deste texto.
+ Guia das eleições: Quer conhecer todos os candidatos nas eleições 2022?
Nem sempre a tentativa populista dá certo – aí surgem inúmeros memes e fotos constrangedoras -, mas a estratégia tem lá o seu valor, segundo analistas políticos. “Quando é orgânico funciona muito! Vamos pensar em um político que mora no bairro e pede votos para ser vereador na feira da região. Ou um deputado que frequenta a cidade e que pede votos, mesmo morando e trabalhando em Brasília. Isso demonstra proximidade”, explica o advogado e professor universitário, mestre em ciência política, Francis Ricken.
O especialista diz que nem sempre a ideia do político é parecer “do povão”, mas sim mostrar-se naquele contexto urbano. “Estar na feira local e comer um pastel é tentar trazer a imagem de um cidadão comum, que frequenta os espaços urbanos e pode ser visto misturado às pessoas, sem a ideia de uma separação ou de um político apartado da sociedade. Essa imagem gruda muito mais nas camadas médias urbanas, do que o cidadão da periferia”, explica.
+ Acompanhe a cobertura das eleições da Tribuna
Muitos políticos já viraram memes fazendo caretas – seja pelo pastel quente demais, o gosto duvidoso ou mesmo o simples movimento da mordida – em eleições passadas. Um caso, em especial, chamou a atenção neste ano. Rosângela Moro, esposa do ex-juiz Sergio Moro e candidata a deputada estadual por São Paulo, posou para um vídeo comendo um pastel. No mesmo quadro, mas ao fundo, uma mulher revirava o lixo da barraquinha procurando alguma coisa. Rosângela chegou a pedir desculpas por ter veiculado o vídeo.
“O meme surge quando o descolamento entre a figura do político e o que ele faz é muito grande. Um político que não frequentou aquele ambiente e tenta se aproximar soa estranho”, afirmou o professor.
O caso de Rosângela é um bom exemplo do que o entrevistado classificou como oportunismo. “Ela tem muito mais proximidade com Curitiba do que São Paulo, mas tenta em São Paulo para conseguir um contingente eleitoral maior e se tornar figura de destaque do partido. Isso é oportunismo. O político local se aproximar de sua base e pedir votos, não é oportunismo. É estratégia”.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da candidata Rosângela Moro, que optou por não se posicionar sobre a fala do cientista político e a polêmica do pastel.
Enquete
E aí, o que você acha da estratégia usada pelos políticos de se abraçar com aquele pastelzão de feira em época de eleição? Acha simpático ou oportunista? Participe na enquete abaixo e deixa sua opinião!