No primeiro debate ao vivo entre os candidatos ao Senado pelo Paraná, exibido no canal BandNews TV na noite deste sábado (17), Alvaro Dias (PODE) e Sergio Moro (União) se tornaram os alvos preferidos dos demais concorrentes, especialmente o ex-juiz federal.

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Na mais recente pesquisa de intenção de voto, Alvaro aparece em primeiro lugar, seguido de Moro. Ambos, contudo, evitaram o confronto direto ao longo do debate, nas oportunidades que os ex-aliados tiveram para fazer perguntas entre eles.

O debate foi realizado apenas entre os oito concorrentes ao Senado que pertencem a partidos políticos com cadeira no Congresso Nacional: além de Alvaro e Moro, os candidatos Aline Sleutjes (Pros), Desiree (PDT), Laerson Matias (Psol), Orlando Pessuti (MDB), Paulo Martins (PL) e Rosane Ferreira (PV).

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Pelo critério, dois nomes ficaram de fora – Roberto França (PCO) e Dr Saboia (PMN). O debate, iniciado às 21h45, durou cerca de duas horas, e todas as perguntas foram feitas entre os próprios candidatos.

Moro foi o alvo principal dos candidatos – especialmente de Desiree e Laerson, mas também de Paulo Martins e Rosane. Em mais de uma vez, o ex-juiz federal foi questionado sobre a tentativa de transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo. Também foi fortemente criticado pela atuação na Operação Lava Jato e por evitar assuntos polêmicos, quando envolvendo o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

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“O senhor condenou sem prova, de forma injusta, o ex-presidente Lula. E fez isso para quê? Para virar ministro do Bolsonaro. O senhor foi considerado juiz parcial e incompetente, envergonhou o Judiciário, porque não respeitou a lei. Queria ser senador em São Paulo, mas a Justiça mandou o senhor de volta para o Paraná. O senhor nunca olhou na fatura de luz? Não sabe onde mora? Falta convicção de ser paranaense?”, provocou Laerson, logo no início do debate.

“Eu tenho muito orgulho de concorrer por aqui. Eu nasci em Maringá, sou filho de pais de Ponta Grossa, morei em Cascavel, e resido em Curitiba há mais de 20 anos. O trabalho profissional mais relevante da minha vida a gente fez no Paraná. A Operação Lava Jato só foi possível com o apoio da sociedade paranaense”, respondeu Moro.

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Durante o debate, Moro se utilizou das mesmas estratégias já exibidas durante sua campanha eleitoral na televisão, fazendo repetidos acenos ao presidente Bolsonaro, enquanto mira fortemente o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exaltando a Operação Lava Jato.

“Eu vejo aqui cinco bolsonaristas, Alvaro Dias, Paulo Martins, Aline, Pessuti e o senhor [Moro]. Vocês apoiaram a gestão criminosa nesta pandemia, que matou 680 mil brasileiros. Vocês apoiam um presidente que decreta sigilo de 100 anos para proteger os seus bandidos de estimação, que troca o delegado quando está investigando a sua família. O que o senhor tem a dizer sobre isso?”, questionou Laerson.

Moro evitou os temas, reforçando que sua preocupação é com “a possibilidade da volta do PT e do Lula”. “Eu tenho deixado muito claro o meu posicionamento atual, que eu jamais estarei do lado do PT. Eu e o presidente Bolsonaro temos um adversário em comum nestas eleições. Me preocupa muito a possibilidade da volta do PT e do Lula, com todos aqueles escândalos de corrupção que foram desvendados pela Lava Jato. Mas eu sou um cidadão independente. Vou ser uma voz forte do Senado para representar os paranaenses”, respondeu Moro.

Candidato de Bolsonaro na corrida ao Senado, Paulo Martins também mirou Sergio Moro: “O senhor, em sua saída do governo, traiu o presidente Bolsonaro. Depois, traiu o Podemos, inclusive o Alvaro Dias. Apoia uma candidata para ser representante de São Paulo [Rosângela Moro, sua esposa, que concorre a deputada federal pelo estado vizinho]. Num eventual conflito de interesses, entre Paraná e São Paulo, qual a garantia que o povo paranaense terá que o senhor também não vai trair o Paraná?”.

“Eu não traí ninguém. Vamos abandonar esta pequenez. Hoje nós estamos numa situação extremamente complexa no Brasil, com a possibilidade do retorno do Lula e de toda a corrupção que ele representa. Estou focando a minha candidatura em oposição ao PT. E nós fizemos a Lava Jato aqui. Acho que foi o ambiente cultural do Paraná que propiciou que a Lava Jato tivesse os seus primeiros passos até que ela ganhasse o apoio de toda opinião pública nacional e se tornasse irrefreável”, respondeu Moro, acrescentando que é leal ao Paraná.

Mais tarde, Paulo Martins ainda cobrou respostas de Moro sobre controversos inquéritos abertos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o ex-juiz federal se irritou: “Paulo, por que você me persegue? Acho que o nosso adversário é o Lula. Eu não sou seu adversário. Espero que você encontre seu caminho de Damasco e descubra finalmente que seu adversário é o PT”. “É dever do homem público se posicionar. É inadmissível que um homem da sua envergadura jurídica não se posicione”, devolveu o candidato do PL.

“É claro que o sistema político não gosta de mim”

Outro embate direto ocorreu entre Desirre e Moro. “Candidato, ou melhor, ex-juiz, ex-ministro, ex-candidato a presidente, quase ex-eleitor do Paraná, o senhor traiu vários partidos, desrespeitou as regras do processo legal e afirmou que nunca entraria na política. Como o Paraná pode acreditar em alguma coisa que você diga?”, provocou a professora de Direito.

“Pessoas poderosas, que se achavam acima da lei, foram presas e julgadas. É claro que o sistema político não gosta de mim, e quer me ver longe de Brasília. Então a minha caminhada na política é um pouco mais tortuosa do que as demais, porque a todo momento querem colocar empecilho”, justificou Moro.

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O ex-juiz federal também foi acusado por Desiree de fazer uma “leitura seletiva de corrupção”: “O senhor está apoiando um candidato à reeleição que está envolvido em vários escândalos de corrupção, inclusive com compra de imóveis em dinheiro vivo. Explique para a sociedade qual é esta sua leitura tão peculiar do que seja corrupção, que vale só para um lado das forças, não vale para outro espectro político. Ou melhor, só vale quando o beneficia, quando está de acordo com seu interesse pessoal”.

Moro respondeu que, na Operação Lava Jato, decretou a prisão do ex-presidente Lula e também de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela deflagração do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Também lembrou da prisão do “dono da Odebrecht”, “que tinha uma lista de mais de uma centena de políticos na sua folha de pagamento, abrangendo vários partidos”.

Também alvo dos adversários no debate, Alvaro Dias evitou partir para o ataque. O tempo na política e a quantidade de mandatos eletivos exercidos foram pontos colocados como negativos pelos seus adversários, em alfinetadas frequentes. “Eu tenho de fato tempo de política. Mas, eu não vivo da política. Eu vivo para a política”, respondeu o candidato à reeleição, para quem a cadeira no Senado exige “muita experiência e maturidade”.

“Eu acredito que o senhor tenha andado muito por este estado. Afinal, o senhor é parlamentar desde 1968. Tem muito tempo e condições de rodar o Paraná e fazer o que tinha que fazer. E até estranho que fale de propostas para o futuro, porque dá a impressão que não teve tempo de fazê-las”, alfinetou Paulo Martins, repetindo um argumento colocado também por quase todos os demais candidatos.

O senador também foi criticado por atuação branda no Senado em relação à gestão Bolsonaro e acusado de ficar distante da população. “Rodando o Paraná, a reclamação é unânime: há uma grande dificuldade dos nossos prefeitos de acessar os nossos senadores”, apontou Paulo Martins. Alvaro retrucou: “Estamos sempre presentes. Agora, se o senador visitar muito sua cidade, manda ele de volta para Brasília, porque é lá onde deveria estar trabalhando, aprovando projetos importantes para os municípios”.

Ao longo do debate, Alvaro Dias ainda poupou críticas aos presidenciáveis, em um aceno mais significativo a Lula, já que o senador foi uma das principais vozes da oposição no Congresso Nacional durante a gestão do petista no Planalto – “Eu pretendo contribuir com o presidente da República e, seja qual for o presidente, terá o nosso apoio num projeto de construção nacional”, afirmou o candidato do Podemos.

Em outro momento, Rosane pediu a Alvaro uma comparação entre os governos Lula e Bolsonaro. “O senhor esteve no Senado nas duas últimas décadas e pode fazer um paralelo”, iniciou a candidata da federação formada por PT, PV e PCdoB. Alvaro evitou o embate, afirmando que, como ambos são candidatos ao Executivo agora, “cabe ao povo julgar”.

Mas, na sequência, Alvaro foi cobrado por sua postura no Senado durante o mandato de Bolsonaro. “Vi o senhor fazer críticas ferrenhas ao governo Lula. E eu não vejo as mesmas críticas neste atual governo, com tantos retrocessos”, apontou Rosane. “Fiz oposição, sim. Mas, neste atual governo, o cenário era outro. Porque não poderia demonstrar ressentimento, já que perdi nas eleições [em 2018, Alvaro disputou a presidência da República]. E foi a época da pandemia, que pede solidariedade”, justificou ele.

Pesquisa do Ipec

O debate aconteceu um dia depois da divulgação de uma pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ipec e que coloca o senador Alvaro Dias na frente dos adversários. Na pesquisa estimulada, o candidato à reeleição tem 36% das intenções de voto, seguido de Sergio Moro, com 25%, e Paulo Martins, com 8%. Na sequência, estão Rosane Ferreira (3%), Aline Sleutjes (2%), Orlando Pessuti (2%), Desiree (1%), Roberto França (1%) e Laerson Matias (1%). O candidato do PMN, Dr Saboia, não pontuou. Brancos e nulos somam 8% e 13% não sabem ou não responderam.

A pesquisa eleitoral encomendada pela RPC TV para o Ipec, e divulgada nesta sexta-feira (16), entrevistou 1,2 mil pessoas, entre os dias 13 e 15 de setembro, em 57 municípios paranaenses. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-01166/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná sob o código PR-02436/2022.


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