De origem francesa, surgida na idade média, a maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa, que busca o progresso e o constante aperfeiçoamento dos seus membros. É dessa forma que caracteriza o termo, a Grande Oriente do Brasil (GOB), a mais antiga associação de lojas maçônicas brasileiras.
O interesse pelo assunto surgiu após um vídeo antigo do presidente Jair Bolsonaro (PL) viralizar nas redes sociais. As imagens mostram o candidato à reeleição discursando em uma loja maçônica. Não há como precisar quando o ato ocorreu.
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De acordo com a Super Interessante, o nome vem do francês maçon, que quer dizer pedreiro. Na época em que surgiu, grandes construções em pedra, como castelos e catedrais, eram feitas.
O símbolo, inclusive, remete aos instrumentos utilizados pelos trabalhadores que dominavam as técnicas da construção em pedra e guardavam esse segredo.
Rodeada de mistérios, a maçonaria é formada majoritariamente por homens, que se reúnem em lojas para estudar e planejar ações.
Segundo a BBC, uma das características é de que os integrantes costumam atribuir aos maçons a ideia de “que eles se valem de suas posições sociais e profissionais para favorecer outros membros e a própria organização”. Os maçons, porém, afirmam que isso é um “mito”, diz o texto.
Políticos, médicos, profissionais de todas as áreas ingressam na associação por meio de convites de outros membros mais antigos. Passam por entrevistas, análise de histórico e rituais, que não costumam ser detalhados e são restritos aos integrantes.
Como a religião vê a maçonaria?
Recentemente, o Papa Francisco tem falado da sua preocupação com a infiltração maçônica na Cúria e também em outras organizações católicas. Ele, inclusive, alertou contra a Igreja “se tornar uma mera ONG em seus métodos e objetivos – perigo que vem diretamente dessa mentalidade secularista a que a Igreja sempre chamou filosofia maçônica”.
Do lado dos evangélicos, a maçonaria é considerada uma filosofia oculta, com pacto com o demônio, embora tenha evoluído ao longo dos anos, segue gerando polêmica. O chamado “pacto de silêncio”, como são tratadas as reuniões dos integrantes da associação, gerou relatos e teorias da conspiração, que acompanham a história dos maçons ao longo dos séculos.
Cerimônias secretas
De acordo com a BBC, cada loja se reúne oficialmente quatro vezes ao ano, em cerimônias de acolhida a novos membros que podem ter uma hora de duração. O que ocorre nos eventos costuma ficar apenas entre membros.
A publicação ainda diz que as maçonarias não veem com bons olhos que membros discutam política e religião. No entanto, um dos requisitos para entrar para as lojas é acreditar em um poder superior, já que ateus não são aceitos.
Auxílio entre ‘irmãos’
Segundo o Brasil Escola, a organização está presente em todos os continentes e tem como lema a ciência, a justiça e o trabalho. Tem como foco a liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, raça ou nacionalidade. Tem como base também a fraternidade de todos os homens, já que todos são filhos do mesmo criador e, portanto, humanos e como consequência, a fraternidade entre todas as nações.
Os integrantes da maçonaria se ajudam mutuamente e costumam se chamar de irmãos. Antigamente secreta, hoje seus membros são identificados, seja por assinaturas, uso de símbolos ou, até mesmo, por falarem publicamente sobre o tema. Quando se fala em simbologia maçônica, a grande maioria é ligada por instrumentos empregados na construção civil. Como detalha o Brasil Escola, o sentido maior da construção “reforça a necessidade constante de aprimoramento moral, intelectual e espiritual”.
Conforme a BBC Brasil, a estimativa é que haja mais de seis milhões de maçons espalhados pelo mundo.
Quem é maçom?
Personagens históricos passaram pela instituição, como, por exemplo, o político Winston Churchill e os escritores Oscar Wilde, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle. Quando se fala em Brasil, nomes como D. Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Lêdo, Luis Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz, Washington Luiz e Rui Barbosa integraram a organização.
O vice-presidente da República, hoje senador eleito pelo Rio Grande do Sul, general Hamilton Mourão (Republicanos), é integrante do grupo. Em 2019, durante sessão solene no Congresso Nacional, disse que ‘a contribuição do maçom à vida pública, política e social vem de longa data e distintas geografias’, como detalha a Agência Senado. O ex-ministro do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, também é maçom.
A BBC aponta, inclusive, que em diferentes momentos históricos a maçonaria foi acusada de conspirar e influenciar os bastidores da política. De acordo com coluna de Rubens Valente, de 2020, parte importante da maçonaria apoiou a campanha de Jair Bolsonaro em 2018.
É fato que a maçonaria está presente na história do Brasil, inclusive já esteve no poder. O maçom Benjamim Constant abrigou em sua casa uma reunião que decidiu pelo fim do Império, em novembro de 1889. Estavam presentes Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.
Com o apoio de um militar respeitado, o também maçom Deodoro da Fonseca, eles deram o golpe final, segundo o Brasil Escola, no regime que haviam ajudado a criar. Ali iniciava o período de três décadas de controle sobre os rumos do país. A ordem estava no auge do poder político. Esse cenário seguiu até 1930, quando Getúlio Vargas chegou à presidência.