O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça (18), em entrevista ao podcast Flow, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se comporta como se fosse um pedófilo.
“Ele se comporta como se fosse”, disse Lula ao responder se acreditava que o presidente era pedófilo. Em seguida, o petista afirmou: “O comportamento dele no caso das meninas venezuelanas é o comportamento de um pedófilo, e ele percebeu isso, por isso ficou desesperado”.
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Lula participou na noite desta terça-feira do Flow. É a primeira vez do petista no programa e a primeira entrevista que ele concede a um podcast na campanha deste ano.
Adversário de Lula no segundo turno, Bolsonaro participou do Flow no dia 8 de agosto. A entrevista durou 5 horas e 20 minutos e chegou a 550 mil acessos simultâneos. Na noite desta terça, já havia mais de 1 milhão de acessos simultâneos à entrevista do petista, um recorde no programa.
No domingo (16), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, determinou a remoção, por parte da campanha de Lula, de vídeos em que a fala do presidente Bolsonaro de que “pintou um clima” entre ele e adolescentes venezuelanas era associada à pedofilia.
Moraes também determinou que a campanha de Lula deve se abster de “promover novas manifestações” imputando a Bolsonaro declarações pedófilas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
Durante entrevista a um podcast na sexta-feira (14), Bolsonaro estava explorando uma temática recorrente de sua campanha o suposto risco de o Brasil “virar uma Venezuela” com a volta de Lula ao poder quando relatou um encontro que teve com meninas do país vizinho em São Sebastião, na periferia do Distrito Federal.
Também na participação no podcast nesta terça, Lula fez um apelo para que os eleitores compareçam às urnas no dia 30 para votar e citou decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de transporte gratuito.
“É muito importante, porque o transporte está caro, e uma pessoa que mora aqui na zona leste [de São Paulo], se tiver que votar em outro lugar, não tem dinheiro.”
Em diversos momentos da conversa, o candidato reclamou da disseminação de mentiras por parte dos adversários, inclusive dentro de igrejas. “A questão que ele fala todo dia. ‘Ah, o Lula vai fazer banheiro unissex’. Já ouviu falar isso, né? Eu acho que você não acredita nisso. É absurdo. Os caras não têm respeito.”
Ao falar das redes sociais, disse que é preciso fazer uma discussão na sociedade sobre o tema das fake news e criticou quem “promove a violência”. “A gente não tem que ter medo do debate. Vamos definir o que é fake news e o que não é.”
Lembrou de boatos sobre dos quais foi vítima e disse: “Como é que você pode permitir que as pessoas façam isso, sem que haja nenhum critério de punição ou de proibição disso?”
“Vamos tentar discutir qual é o melhor caminho para que você não seja censurado, para que você não confunda uma coisa que você fala que é correta, uma divergência política ou cultural, com uma provocação, uma mentira deslavada.”
Questionado sobre os casos dos bolsonaristas Allan dos Santos e Luciano Hang, que foram banidos de redes, Lula disse: “Você não precisa extirpá-lo, você só precisa educá-lo. Ele tem que saber que não pode fazer o que quer. Tem um limite.”
No programa, Lula foi questionado sobre a possibilidade de descriminalização da maconha, tema que motiva críticas recorrentes de Bolsonaro. O petista disse que não caberá ao governo tratar do assunto e que isso é de atribuição do Congresso ou do Supremo.
Lula também disse que é “é fantasticamente engraçado as pessoas pedirem para o PT fazer autocritica”. “Se eu fizer autocritica todo dia, eu não preciso de oposição. A oposição é que tem que me criticar. Por que eu mesmo tenho que me criticar?”
Ao falar sobre a Operação Lava Jato, disse que pode ter havido corrupção na Petrobras e citou que a estatal tem milhares de funcionários e engenheiros. “Obviamente que pode ter corrupção. Quando você descobre corrupção, o que você faz? Prende o ladrão. Mas não prejudica os trabalhadores.”
Também disse que o ex-juiz Sergio Moro de o ex-procurador Deltan Dallagnol conseguiram “convencer a imprensa” de que as mentiras que contavam eram verdades.
A equipe de Lula investiu na divulgação em redes sociais da participação do petista no Flow.
Foram criados grupos no WhatsApp dedicados à cobertura em tempo real do programa e aliados do petista, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a ex-ministra Marina Silva, convocaram seus seguidores nas redes sociais para acompanharem a entrevista.
O deputado federal André Janones (Avante-MG), que atua na coordenação da equipe, publicou mais cedo nesta terça que é preciso “dar ao presidente Lula a maior audiência da história durante sua entrevista”.