Com 30 anos de idade, o artista gráfico e militante em movimentos estudantis Diogo Furtado é o candidato do Partido da Causa Operária (PCO) nas eleições de 2020 à prefeitura de Curitiba. Trata-se da sua primeira candidatura eleitoral. Logo abaixo, ele responde a três perguntas feitas pela Gazeta do Povo. Confira:
Por que o senhor acha que será um prefeito melhor do que seus adversários nestas eleições? O que a sua candidatura tem de diferente das demais?
Nós, do Partido da Causa Operária, não temos nenhuma ilusão em sermos eleitos. Até porque as eleições são totalmente antidemocráticas. A questão do tempo na TV, tempo na rádio, a questão das inúmeras cláusulas de barreira, a questão da própria imprensa capitalista, que vem fazendo a propaganda dos seus candidatos preferidos, que atendem a sua política neoliberal ou até golpista, como é o caso das eleições de 2018, com Bolsonaro, com Ratinho Junior. Então é um “repeteco” das eleições de 2018. Nós, do PCO, estamos sempre sem esses privilégios. Atuamos sem esses investimentos que os demais candidatos recebem. Neste sentido, quanto a ser eleito, não temos ilusões. Utilizamos das eleições para fazer a propaganda do nosso programa, que é fora Bolsonaro e todos os golpistas, e também um governo dos trabalhadores, com Lula presidente. Mas, de qualquer maneira, caso sejamos eleitos, entendemos que os candidatos do PCO são os mais capacitados. Porque somos o partido da luta contra o golpe, o partido da mobilização dos trabalhadores. Entendemos que qualquer benefício a uma cidade só pode vir de uma pressão e de uma organização dos trabalhadores, inclusive da administração de todo setor público, seja transporte, saúde, educação.
No plano de governo que o senhor protocolou na Justiça Eleitoral, não há menção à cidade de Curitiba. É um manifesto sobre as bandeiras nacionais do PCO. Como o senhor justifica isso para o eleitor? O que o senhor diria para um eleitor de Curitiba que vai entrar no site da Justiça Eleitoral para conhecer o plano de governo?
A política do município não está descolada da política dos estados, da política de Ratinho Junior no caso do Paraná, e muito menos descolada da política nacional, encabeçada pelo Bolsonaro. E também não está descolada da política internacional. Sobre a área da saúde no município – já que o principal tema deste momento é o genocídio da classe trabalhadora pelo coronavírus –, só pode vir uma solução à pandemia pela derrubada dos golpistas. Por que não tem nenhum investimento na saúde? Porque a política neoliberal do Bolsonaro, de terra arrasada, tem influência na nossa cidade. Só ver a privatização da Copel Telecom a preço de banana. Todo nosso investimento público, toda nossa força de trabalho, da classe operária, para construção e manutenção desta empresa, foram trocados por R$ 2 bilhões, que não pagam a falta que essa infraestrutura fará nos próximos anos. Neste sentido, nossa proposta para o desenvolvimento do município não escapa da política nacional. Não tem como resolver a questão da pandemia – e a total ausência do governo federal, estadual e municipal, porque Bolsonaro, Ratinho Junior e Greca viraram as costas – sem combater a política nacional. Não tem como combater a pandemia, ou qualquer outro problema municipal, se não unirmos força contra todo esse desastre que é a política nacional, que é o Bolsonaro.
Em julho de 2020, o PCO tinha 112 filiados no Paraná, segundo dados da Justiça Eleitoral. O menor número entre todos os partidos políticos no Paraná. É possível manter um partido político ativo com um número tão baixo de filiados?
Sim. Porque o nosso partido, apesar de ser talvez o menor partido, nosso partido não é uma organização eleitoreira, é uma organização política, que não tem os mesmos objetivos dos demais partidos, que investem seu tempo e esforço nesta questão da luta por cadeiras dentro da instituição burguesa. Esses partidos competem entre si pela administração burguesa. Nós não entendemos o estado burguês como solução de nada, mas sim como o próprio problema para o desenvolvimento da cidade, do estado, do país. É justamente o estado burguês que persegue, mata, oprime e explora a classe trabalhadora. E coloca os trabalhadores na pior condição possível, para que os empresários possam dar o menor benefício possível, os menores salários. Nosso objetivo é construir um partido de filiados, de militantes, que estejam em coesão com o nosso programa revolucionário, de mobilização por um estado operário, e não pela manutenção do estado burguês. Nós somos um dos partidos que mais cresce em número de filiados, mas ainda somos o menor porque todos que estão dentro do partido estão em coesão com o programa, e não têm interesse em competir pela gestão da administração do estado burguês.