O ex-jogador, comentarista esportivo e ex-colunista da Gazeta do Povo Antônio Dionísio Filho faleceu na manhã desta segunda-feira (16), em Curitiba, aos 58 anos. Ele estava internado desde a última terça (10) no Hospital Vitória, no bairro Cidade Industrial, com uma infecção nas vias biliares. Dionga, como era conhecido, chegou a ficar internado alguns dias na virada do ano, mas havia deixado o hospital em janeiro.
Velório
O corpo de Dionísio Filho foi levado em um caminhão do Corpo de Bombeiros do bairro Bom Retiro até o Tarumã, local do velório, acompanhado de um cortejo. Cerca de 100 pessoas aguardavam a chegada. O enterro, exclusivo para familiares, foi realizado às 9h desta terça-feira no Cemitério Vertical.
As bandeiras dos três times da capital foram colocadas próximas ao caixão de Dionísio como uma homenagem. A todo instante chegavam amigos e admiradores. O clima era de consternação e, principalmente, surpresa pela velocidade dos fatos. Dionga fora internado ainda em dezembro para tratar do problema de saúde, mas a família pediu sigilo aos conhecidos a pedido do próprio Dionísio. Após receber alta no final de janeiro, retornou ao hospital na terça-feira passada.
“Não conheço ninguém que não gostasse dele. Dificilmente existia. Se alguém não gostava, esse alguém estava errado”, disse, emocionado, o filho Márcio Eduardo. “Não tinha tempo ruim, seja em casa, fora de casa, no trabalho, no futebol. Era uma explosão de emoções. Em casa, era o mesmo cara alegre que todos conheciam. Tudo que ele me deu e me ensinou vou usar na minha vida”, acrescentou.
Atlético, Coritiba e Paraná se manifestaram sobre a morte de Dionga
Frases: ex-jogadores, técnicos e jornalistas falam sobre Dionísio Filho
A Rádio Banda B, onde Dionísio era comentarista, emitiu nota de pesar pelo falecimento do ex-jogador. “Em um dia tão triste, a única coisa que nos resta é desejar força aos familiares para superar essa perda e também agradecer ao Dionísio por tudo”, diz a nota.
O velório está sendo realizado Cemitério Vertical, no Tarumã. Foi organizado um cortejo para levar o corpo do comentarista até o local. O sepultamento está marcado para as 9 horas desta terça-feira (17). Dionísio Filho deixa esposa e três filhos.
A Federação Paranaense de Futebol determinou que será decretado um minuto de silêncio em todas as partidas organizadas pela entidade nos próximos sete dias.
Biografia
Dionísio Filho se tornou uma personalidade do futebol paranaense. Natural de Ribeirão Preto (SP), começou a carreira em 1970, no Botafogo-SP, e tornou-se conhecido quando atuou pelo Atlético-MG em 1976 e 1977. Ele fez fama, porém, no futebol paranaense.
Dos 18 anos em que foi jogador de futebol, em metade Dionísio Filho defendeu clubes do Paraná. Origem da identificação do paulista de Ribeirão Preto com o estado que escolheu para viver após pendurar as chuteiras.
O lateral-esquerdo revelado pelo Botafogo-SP desembarcou em Curitiba para jogar no Atlético em 1978. Deixou o Furacão para jogar no rival Coritiba. Passou ainda pelo Pinheiros e voltou para a Baixada para uma breve temporada em 1982, quando encerrou o primeiro período paranaense.
O retorno não demorou e, em 1985, Dionísio foi contratado outra vez pelo Pinheiros. Conquistou os estaduais de 1984 e 1987 pelo clube que deu origem ao Paraná. Em 1989 vestiu novamente a camisa do Coxa e, no ano seguinte, abandonou os gramados como atleta do Cascavel.
Dionga, como ficou conhecido, migrou do campo para a área técnica. Foi trabalhar com as categorias de base do Paran&a,acute;. Desiludido com a falta de oportunidades em times profissionais, decidiu ser comentarista de rádio.
Começou na rádio Eldorado em 1992. Trabalhou ainda nas rádios Clube e Atalaia e ganhou destaque na Rádio Banda B, onde foi além do futebol com o programa “Sangue Bom”, quando misturava música ao esporte. Era fã incondicional das “palhetadas maravilhosas”, como dizia, do cantor e guitarrista Jorge Ben Jor.
Trabalhou ainda na RPCTV, Rede Massa e na TV Bandeirantes, também como comentarista, e foi colunista da Gazeta do Povo. Como marca em tudo que fez depois da vida de boleiro, o bom humor incondicional.
Conquistou os estaduais de 1984 e 1987 pelo clube que deu origem ao Paraná.
Atlético, Coritiba e Paraná emitiram notas lamentando o falecimento de Dionísio Filho.
Atlético
“O Clube Atlético Paranaense lamenta o falecimento de Antônio Dionísio Filho, aos 58 anos. Dionísio fez parte do time de 1978 do Furacão, que também contava com Ziquita. O Atlético Paranaense presta suas condolências a todos os amigos e familiares”
Coritiba (o clube decretou três dias de luto)
“A manhã desta segunda-feira (16) de Carnaval amanheceu com a cidade de Curitiba menos colorida de futebol. Faleceu nesta manhã o ex-jogador de futebol Antônio Dionísio Filho (58), o Dionga. No Coritiba, Dionga atuou entre 1979 e 1980 com outra passagem entre 1988 e 1989. Foram 88 jogos com a camisa do Coritiba. A diretoria de administração do Coritiba, em nome de toda a nação alviverde, presta aqui sua homenagem e agradecimento a Dionga e deixa suas condolências à família e amigos”
Paraná
“O Paraná Clube, assim como todos os amantes do futebol, está de luto. É com muito pesar que o Paraná Clube comunica o falecimento do comentarista esportivo e ex-jogador de futebol Dionísio Filho. Na história do Tricolor, o lateral também deixou sua marca: no ano de 1981, defendeu o Pinheiros – um dos clubes que originaram o Paraná Clube. Aos amigos e familiares do eterno “sangue bom”, as condolências de todos os paranistas”
Ex-jogadores e jornalistas que conviveram com Dionísio Filho também prestaram homenagens a ele. Confira:
Barcímio Sicupira, ex-jogador e comentarista esportivo da Rádio Banda B.
“Eu trouxe ele para o Atlético em 78, vindo do Internacional. Veio pra Curitiba e nunca mais saiu. Fez a vida aqui e se orgulhava muito disso. Essa doença cruel veio há um mês e levou aquele baita negão. Para gente é um choque. Estávamos preparados quando soubemos da gravidade, mas é muito triste. Estive com ele ontem [domingo], conversamos muito. Ele estava cansado, mas tinha uma vontade de viver muito grande. Falei para ele que tinha Atletiba domingo e eu não ia no campo do Coritiba. Ele riu e disse que ia lá pra me dar uma força. Sinto muito pela família, pois ele era agarrado com todos eles”
Marcelo Oliveira, técnico do Cruzeiro, ex-companheiro de Dionga no Atlético-MG.
“Convivi muito com ele. Jogamos juntos no Atlético-MG e éramos muito amigos. Era um cara alegre, extrovertido, cantava muito. Ele era grato a mim, pois dei muitos conselhos para ele naquela época. Coisas como não comprar um carro muito caro, não sair com a turma que só ia para as festinhas. Ele sempre lembrava disso. Era um cara bacana. Onde ele estava, todo mundo estava rindo. Como jogador era dedicação pura, se entregava ao máximo nos jogos. Era muito físico, brigava pelos colegas de time. Voltamos a nos encontrar quando eu treinei o Coritiba, fui na casa dele. Fiquei muito sentido. Um cara do bem, que só passava coisas boas. Estamos impactados. É uma perda muito grande”
Alex, ex-jogador e ídolo do Coritiba
“Ficará essa lembrança! De uma pessoa simpática, sempre sorridente e extremamente educado. Um verdadeiro sangue bom! Descanse em paz Dionga! Que a família possa ter a luz necessária para passar por esse momento”
Adilson Batista, técnico de futebol
“Era um profissional exemplar desde os tempos de atleta, depois como ser humano e cidadão. Um homem de bem, alegre. Uma perda muito sentida. O Dionga e,ra uma pessoa carismática, entendia muito de futebol. Perdemos um grande companheiro”
Sérgio Ramirez, coordenador técnico do Joinville, ex-jogador e treinador de Dionísio
“Eu estive com ele no sábado e no domingo. É uma situação muito triste. Um grande amigo, de muitos anos. Jogamos junto no Pinheiros e ele foi meu jogador no Cascavel. Uma perda irreparável. Um cara muito justo para tudo. Apesar de ter visto ele numa situação que nunca imaginaria ver, ele ainda era forte. Sabemos que um dia vamos morrer, mas nunca pensei que ele seria atingido por essa doença. Era saúde pura, sinônimo de fortaleza”
Michel Micheleto, coordenador geral da Rádio Banda B
“Os corredores da Banda B, o ambiente da rádio, não serão mais os mesmos. Como esquecer do Dionga todos os dias com aquela explosão. “Pô, doutor Mítchel”. As festas não terão o violão dele tocando Jorge Ben Jor. É uma tristeza incomparável. Não consigo entender. Foi tudo muito rápido. Nos estádios, quando as equipes estavam recolhendo seus equipamentos, ainda estávamos no ar e no silêncio do Couto Pereira, por exemplo, todo mundo ouvia o Dionga falar. Não pelo rádio, mas sim pela voz alta e empolgante”
Dirceu Krüguer, ex-jogador e observador técnico do Coritiba
“É uma perda para todos. A gente lamenta profundamente quando um companheiro nos deixa, principalmente ele. O Dionísio fazia algo extraordinário para o futebol. Infelizmente nos deixa, mas esta num lugar bastante tranquilo e olhando por nós”
Milton do Ó, ex-jogador, foi comandado por Dionísio no Paraná Clube
“O Dionga representava o bom humor, a alegria de viver. O fato de encarar os desafios sempre alegre, com energia positiva que ele passava, o amor pela vida que ele tinha. Um cara forte. Sabemos que a morte é a certeza da vida, mas é difícil encarar. O Dionga passava para gente um referencial de vida. Explicava como o futebol era simples e como viver era bom. Valores que aprendi com ele e que são marcas preciosas na minha vida, na minha carreira, e passo pros meus filhos. O Dionísio foi um fenômeno em tudo que fez”
Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol
“Tive o prazer de conhecer desde os tempos de Pinheiros. Sempre fomos amigos. Carismático, brincalhão. Sempre o encontrava no Parque Barigui em suas caminhadas e inclusive isso nos deixa mais pasmos, pois foi de uma hora para outra. É uma notícia que transtorna muito a gente. Nos deixa abatidos”
Luiz Augusto Xavier, narrador esportivo e colunista da Gazeta do Povo.
“Foi um dos caras mais puros que eu já conheci. Tive pouca chance de trabalhar com ele. Fizemos uns quatro ou cinco jogos na RPC TV logo que comecei a narrar, em 2008. Convivência a gente tinha muita, pois participávamos da Mesa Real (confraria de amigos). Era muito verdadeiro e eu achava que este tipo de gente não existia mais. Um coração enorme. Se emocionava, de repente pilhava de bravo, e depois sorria em seguida. Não escondia emoções. Como jogador era um bom lateral e fez a glória de muitos centroavantes. O defeito dele era ser muito apressado. Foi embora sem avisar, muito cedo”
Marcelo Ortiz, narrador esportivo
“Comecei a trabalhar com o Dionga em 92, logo depois que ele parou de jogar. Era o coordenador da rádio Eldorado e pelo que víamos das entrevistas que ele dava, ele seria um cara diferente, marcante, e poderia dar certo como comentarista. Fizemos uma amizade muito boa. Ele voltou ao futebol como treinador e em 2000 convidamos ele para trabalhar na Banda B. A partir dali ele se definiu como comentarista. Sempre foi muito dedicado e evoluiu muito. Era um cara que assimilava tudo muito bem apesar do jeitão. Era transpiração pura em tudo que fazia. Mesmo diante das adversidades o otimismo, o astral, os bordões, faziam dele um cara sensacional. É sofrido”
Greyson Assunção, coordenador de esportes da Banda B
“Era um cara extraordinário, fora de série. Era extrovertido, ‘sangue bom’ demais. A gente vai lembrar sempre dele pelo sorriso, alegria de viver. Uma imagem bonita. Não tinha tempo ruim para ,ele. Não tinha preguiça de trabalhar. Era diferenciado. Para se ter uma ideia, no sábado passado conversei com ele e me pediu para estar na escala do Atletiba de domingo que vem. É arrasador saber que não posso atender ao pedido do Dionga”
Pier Petruzziello, vereador
“O esporte perde o sorriso. O futebol paranaense perde a alegria. Sem dúvida o Dionga representava isso: conhecimento e alegria. O futebol perdeu a alegria. Vai deixar saudade”
Roy Caetano, cantor
“Um cara espetacular. Fez uma história muito bonita da sua vida, da sua família. Ele era bom mesmo, sem preconceitos, muito aberto e inteligentíssimo. Bem comunicativo, brincalhão. Todos nós gostamos muito dele. Não só como artista que ele era, mas também como atleta e comunicados. Deus abençoe sua família”
Como lateral-esquerdo, atuou pelo Atlético, Coritiba e Pinheiros (duas vezes), além do Cascavel. Conquistou os estaduais de 1984 e 1987 pelo clube que deu origem ao Paraná.
Chegou a trabalhar como treinador na década de 1990, mas foi com o microfone em mãos que ele ganhou um carinho maior dos admiradores. Começou na rádio Eldorado em 1992. Trabalhou ainda nas rádios Clube e Atalaia. Em 2000, foi para a Banda B, onde trabalhava até hoje como comentarista, além de apresentar o programa “Sangue Bom” (um de seus apelidos).
Já foi comentarista da RPC TV e Premier FC.