O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) anunciou às 16h desta sexta-feira (23) que a categoria deverá entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (26) por tempo indeterminado. A paralisação é motivada pelo não pagamento do adiantamento salarial, que deveria ter sido efetuado no último dia 20.
Antes de a greve ter sido definida, a categoria fez um protesto usando nariz de palhaço durante o turno de trabalho. O sindicato registrou em seu site a adesão dos trabalhadores à mobilização.
A inadimplência das empresas estaria acontecendo porque o governo estadual não teria repassado o subsídio referente ao transporte metropolitano. A conta está em aberto desde outubro e a dívida já chegou a R$ 16,5 milhões. De acordo com a prefeitura, o governador Beto Richa não teria feito nenhuma proposta para saldar essa dívida.
A prefeitura de Curitiba entrou com pedido para que a Justiça determine a circulação de frota mínima em caso de greve. 70% da frota nos horários de pico e 50% no restante do dia.
Por volta das 19h, a Justiça do Trabalho despachou uma liminar negando o pedido da URBS para suspender a greve.
Impasse
Richa também não sinalizou estar disposto a continuar repassando R$ 7,5 milhões todo mês para cobrir o rombo deixado pelo transporte integrado com as cidades metropolitanas. A proposta enviada por ele reduz a ajuda para R$ 2,3 milhões, deixando o restante a cargo da administração municipal.
“A partir de agora, a Curitiba vai cuidar do pagamento das linhas urbanas, definidas a partir da licitação de 2010, realizada pelo então prefeito Beto Richa”, afirmou em nota a prefeitura.
Salários
Fevereiro marca também data-base dos motoristas e cobradores, o que significa que os salários devem ser corrigidos. De acordo com o sindicato da categoria, reajuste de 15% + INPC a partir de 1º de fevereiro, 33% no vale alimentação e 50% na assistência médica.
Governo do estado
O governo do estado, por meio de nota à imprensa, afirmou que desde novembro de 2014 tem procurado a prefeitura Curitiba para readequar o convênio de transporte coletivo integrado. Um levantamento Fipe teria indicado que a URBS usaria na gestão da RIT parte dos recursos arrecadados na região metropolitana para custear o transporte coletivo urbano de Curitiba.
Cogitando a não renovação do subsídio ao transporte, Richa reiterou que manterá a isenção de IMCS sobre o óleo diesel utilizado na RIT, o que significaria um subsídio de cerca de R$ 24 milhões por ano. Além disso, a administração não excluiu a possibilidade de recorrer à Justiça para que o transporte coletivo volte à normalidade.
Passe livre
Além da confirmação da greve e da tentativa de impedir o protesto dos motoristas e cobradores, membros do Coletivo Tarifa Zero Curitiba também se articularam nesta sexta-feira e organizaram uma aula pública na Boca Maldita.. Um folheto entregue para populares reafirma a necessidade de lutar contra a cobrança da passagem para estudantes e pessoas de baixa renda.
De acordo com o manifesto, o coletivo pede a redução da tarifa em R$ 0,40, valor chamado de “superfaturado” pelos membros da mobilização.