Colombo

Moradores resistem, mas cedem e cumprem reintegração de posse

Uma reintegração de posse fez com que a manhã desta terça-feira (11) fosse intensa para os moradores da região do Parque dos Lagos, em Colombo. Por volta das 8h, oficiais de Justiça, agentes da prefeitura e policiais militares chegaram ao local, no fim da Rua Campo do Tenente, às margens do Rio Palmital. Depois de mais de 4 horas de tensão, tumulto e negociações, os moradores da ocupação cederam e aceitaram deixar o terreno, que pertence à prefeitura de Colombo, pacificamente.

No início da operação, segundo a Polícia Militar, os moradores se revoltaram. Os acessos ao loteamento foram fechados, barricadas com crianças foram feitas e atearam fogo em pneus. Houve tumulto, dois homens foram presos e encaminhados a Delegacia do Alto Maracanã. Eles devem responder por desobediência.

Depois de várias conversas entre o representante dos moradores, agentes da prefeitura e a PM, por volta das 10h30 todos entraram em consenso. “Resolvemos sair de forma pacifica, por medo de haver confronto, mas não vamos deixar que nos abandonem”, disse Cleiton Freitas, representante dos moradores. Os ocupantes aceitaram o acordo proposto pelos agentes da prefeitura. “Vamos para um ginásio de esporte da cidade até que se resolva, mas não vamos sair de lá enquanto não tivermos outro lugar para ficar”, defendeu o representante que veio de São Paulo e morava na área há um ano.

Segundo a PM, a área foi dividida em duas partes. Uma delas é mais antiga, com cerca de 40 famílias. Nesse terreno os moradores já tinham cadastro e estavam nos planos da prefeitura para realocação. Já a segunda parte é mais recente, tem cerca de um mês, e envolve a ocupação de uma área de manancial. Nesse trecho moravam pouco mais de 200 famílias e o futuro delas ainda é incerto.

Sem futuro

Com a reintegração de posse cumprida, o olhar sem direção de todas as pessoas que antes ocupavam o terreno era o mesmo. Enquanto os vizinhos que pagaram cerca de R$ 180 mil em seus imóveis acompanhavam a reintegração de posse, os ocupantes da área de invasão estavam perdidos. “Eu não sei o que fazer, meu mundo está perdido”, lamentou Taniele Vicente, 18 anos.

A moça é mãe de uma menina de dois anos e de um menino de 11 meses. “Quando tínhamos recursos, eu e meu marido pagávamos aluguel, mas perdemos tudo e morávamos aqui há um ano e meio”, explicou. Assim como as outras famílias, Taniele, os filhos e o marido foram encaminhados ao alojamento disponibilizado pela prefeitura de Colombo, em um ginásio de esportes. Antes que os dois ônibus saíssem do local levando as pessoas, uma mulher passou mal. Ela foi encaminhada ao Pronto Socorro do Alto Maracanã, sem risco de morte.

Local é área de preservação

A Prefeitura de Colombo se manifestou apenas por meio de nota. Informou que a sentença judicial de reintegração de posse foi obtida porque o local é uma Área de Preservação Permanente (APP). Segundo a Prefeitura, os ocupantes estavam cometeram crime ambiental. O documento, ainda de acordo com a Prefeitura, informava também que “as famílias seriam encaminhadas para cadastramento no programa de habitação municipal”. Mas a prefeitura não entrou em detalhes do que acontece a partir de agora com as famílias.

Negociações

Representantes da prefeitura e dos moradores devem sentar para uma nova série de negociações. Dessa vez o objetivo da conversa é definir o futuro das famílias despejadas. A intenção dos moradores é incluir as pessoas ainda não cadastradas no programa de habitação de Colombo, mas a prefeitura não comentou o assunto. Segundo ,Cleiton Freitas, 120 famílias estão abrigadas no ginásio de esportes.

Veja na galeria de fotos a reintegração.

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