Com 40 quilômetros e um visual incomparável, a Estrada da Graciosa (PR-410) liga Curitiba à Baía de Antonina. Margeada pela exuberante mata atlântica nativa, a serra de curvas sinuosas e paralelepípedos é cortada por cachoeiras, riachos, montanhas e encostas. O trajeto, antes usado apenas como via de acesso a Morretes, hoje faz parte da rota turística de natureza do Paraná, sendo reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e maior trecho preservado de Mata Atlântica do Brasil.
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Antiga trilha indígena, a estrada passou a fazer parte da rota dos tropeiros no século XVIII. Pavimentada e oficialmente aberta em 1873, foi o principal caminho comercial agrícola do Paraná a ligar as cidades litorâneas à capital. Hoje, além do acesso às praias – usado por muita gente como rota alternativa ao pedágio -, o caminho é considerado um dos principais pontos turísticos do Estado, sendo destino predileto de amantes da natureza, famílias e motociclistas de fim de semana.
É o caso do engenheiro Marcelo Antonio da Silva, que aos fins de semana escolhe a Serra da Graciosa como destino para os passeios motociclísticos que faz entre amigos. “É bom fugir da cidade, do barulho. Além da natureza e do caminho, que é sensacional, a gente respira o ar puro e ainda come um pastelzinho delicioso ao fim do trajeto”, brincou.
Saindo do portal de Quatro Barras em direção às praias, a descida dura em média de 30 a 40 minutos em um dia sem trânsito. A graça, porém, é esquecer do relógio e aproveitar a paisagem exuberante e os paradouros estratégicos pelo caminho. São seis pontos de parada, nos quais o turista encontra petiscos da gastronomia local, mirantes e espaços de lazer para a família, com churrasqueiras e sanitários.
Para os mais aventureiros, pequenas trilhas, grutas e cachoeiras são a melhor pedida. Nas barraquinhas, delícias como pastéis, cocadas frescas, caldo de cana, e a “coxinha de aipim” – feita sem farinha e frita na hora. Ao redor, belezas como o Rio Cascata, o Morro do Sete, e o Rio Catira, onde é possível nadar e pescar.
Lendas urbanas
Moradores antigos da região contam que além dos tesouros naturais, a Estrada da Graciosa possui riquezas escondidas entre as rochas, e enterradas em lugares desconhecidos. Uma lenda conta que no século XVIII, durante a expulsão dos jesuítas do Brasil, muitos missionários juntaram ouro para levar consigo. De acordo com a história, um grupo de missionários descia pela Serra da Graciosa com um carregamento de doze jumentos cheios de ouro. Antes de chegar ao porto de Antonina, no entanto, os jesuítas foram informados de que seriam barrados pela Coroa e impedidos de embarcar com o ouro. A saída que encontraram foi enterrar as riquezas pela Serra, e segundo a lenda, o ouro permanece escondido por lá até hoje.
Outros relatos citam a aparição de objetos luminosos sobre os picos da Serra da Graciosa. Muitos moradores contam terem visto objetos voadores coloridos pelo céu, sobre as encostas dos morros Anhangava e Pão de Ló – além de outros acontecimentos misteriosos – como estranhos gritos durante a noite, e a aparição de criaturas desconhecidas.