Por sua eficácia comprovada cientificamente, tratamentos como acupuntura e aromaterapia já integram o rol de alternativas do SUS
Como tratar as doenças do corpo, se o paciente sequer conhece seu próprio organismo? Como tratar a mente, se a pessoa não sabe quais são os gatilhos que as levam aos transtornos psicológicos e psiquiátricos? É nesse momento que as terapias integrativas e complementares entram em ação, em conjunto com a medicina tradicional. Enquanto os remédios curam as doenças, as terapias auxiliam o paciente a conhecer a si mesmo, equilibrando o corpo para que o tratamento tradicional seja mais rápido e efetivo.
Mas, afinal, do que se tratam as práticas integrativas e complementares na medicina? A medicina integrativa é justamente essa coexistência do tratamento tradicional (com remédios, cirurgias etc.) e de terapias alternativas cuja segurança e eficácia tenham sido cientificamente comprovadas, como a acupuntura, aromaterapia, yoga, meditação, naturopatia, homeopatia, reiki, entre muitas outras.
Corpo, mente, espírito
Claudia Pacheco é coordenadora da pós-graduação “Práticas de Saúde Alternativas”, do Centro Universitário UniBrasil, curso que está com inscrições abertas e inicia as aulas no dia 24 de abril. Ela explica que as terapias alternativas buscam olhar a saúde de forma mais ampla, além da medicina moderna.
“Cada lugar do mundo tem sua própria natureza, suas plantas e animais, sua dinâmica. A forma como a natureza reage às quatro estações do ano e ao ambiente onde está inserida é diferente em cada lugar. Assim como a natureza, o corpo humano também interage com o ambiente em que está inserido”, pontua a coordenadora.
A partir desse entendimento, Claudia explica que é preciso olhar essa pessoa de forma mais ampla. É necessário considerar os relacionamentos que ela teve, as atividades que exerce e em qual ritmo, além dos aspectos emocionais, nutricionais e espirituais. “É necessário enxergar além da medicina tradicional, que tende a tratar todos os pacientes de forma igual. Sabemos que cada pessoa reage de um jeito diferente às doenças e aos medicamentos. Cada organismo é único. As práticas complementares buscam enxergar e tratar todo esse contexto que a medicina tradicional nem sempre vê”, explica a professora.
Claudia afirma ainda que o tratamento tradicional não deve ser deixado de lado. As terapias complementares vão agir além da medicina moderna, ajudando o tratamento tradicional a fluir de modo mais rápido e certeiro.
A professora dá como exemplo uma de suas pacientes, diagnosticada com câncer. Além do tratamento alopático (quimioterapia), ela recorre ainda à musicoterapia e aos florais, técnicas que a ajudam a ficar mais confiante e emocionalmente mais forte; e à acupuntura, que promove o equilíbrio de todo o sistema e não deixa que as áreas que estão saudáveis no corpo sejam comprometidas.
Outro exemplo que Cláudia cita é a depressão e demais transtornos psiquiátricos. Os remédios prescritos pelo psiquiatra vão alinhar a parte química do corpo, enquanto o profissional tenta descobrir quais são os gatilhos do paciente. Ou seja, quais situações o levam a ter determinado comportamento ou pensamento compulsivo.
Já as terapias complementares vão acompanhando os relacionamentos dessa paciente, as ligações dela com a natureza, com o ambiente em que está inserida. São ferramentas que vão ajudar a pessoa a se conhecer por dentro, a sua própria natureza, o que torna mais fácil o trabalho do psiquiatra, acelera o processo de cura e reduz a possibilidade de a paciente reincidir no problema.
SUS
Devido à comprovação científica de eficácia, 25 práticas integrativas e complementares foram incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, por meio da criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. São elas: apiterapia, aromaterapia, arteterapia, ayurveda, biodança, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, dança circular, geoterapia, hipnoterapia, homeopatia, imposição de mãos, medicina antroposófica, acupuntura, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, ozonioterapia, fitoterapia, quiropraxia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, terapia de florais, crenoterapia e yoga.
Todas são oferecidas de forma complementar ao tratamento tradicional. Em algumas cidades, é possível agendar, por exemplo, acupuntura e sessões de yoga nas unidades básicas de saúde. Já outras terapias – como aromaterapia, reiki ou imposição das mãos – são oferecidas de forma voluntária por profissionais de saúde que tenham formação nessas áreas.
O Ministério da Saúde também implantou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Desde 2010, os postos de saúde em algumas cidades oferecem fármacos produzidos à base de alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, isoflavona da soja e unha de gato. São recursos que auxiliam no tratamento de prisão de ventre, inflamações, artrite reumatoide e sintomas do climatério.
Redução de fármacos
As estatísticas só favorecem a implantação das terapias integrativas à medicina tradicional. Em Campinas, no interior de São Paulo, por exemplo, o consumo médio mensal de diclofenaco de sódio – medicamento usado para tratar dores e inflamações – foi de 534.336 comprimidos, no ano de 2003. A quantia só aumentou nos anos seguintes: 601.856 comprimidos em 2004 e 644.366 comprimidos em 2005.
Em 2006, o SUS passou a oferecer a acupuntura, que foi utilizada nas unidades básicas locais. Nos oito meses iniciais, a média mensal do uso de diclofenaco de sódio reduziu 12,5%, ou seja, 570.000 comprimidos. Em 2007, o consumo mensal baixou para 469.495 comprimidos. Em 2008, a redução foi para 392.200 comprimidos. No ano seguinte, 335.644 comprimidos, ou seja, 52% de redução comparado ao ano de 2005, um ano antes da implantação das terapias complementares. Os dados constam num artigo escrito em 2010 pela bióloga Roberta de Medeiros e pelo mestre em medicina integrativa Paulo de Tarso Lima.
“Existe uma linha da medicina que está se abrindo para esse novo, por entender que as práticas integrativas facilitam muito o trabalho do médico. São práticas que fazem o paciente ter noção do seu próprio corpo e o que faz ele se desequilibrar. O movimento de humanização dos partos também tem feito muitos pediatras acompanharem essa mudança e seguirem nessa linha. Há muitos médicos estudando a antroposofia, com um olhar para os ciclos da natureza e o ser humano envolvido nessa cosmovisão”, comemora a professora Cláudia.
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