A Rua Francisco Derosso é um dos berços do bairro do Xaxim, região que servia como um caminho que ligava Curitiba a São José dos Pinhais. Há quase 45 anos, neste ambiente tomado por mato, a matriarca Greta Friedrich, 91 anos, veio para Curitiba e viu sua família crescer, junto ao bairro a sua volta. Nascida na Alemanha, Greta veio ao Brasil em 1937, fugindo da região de Hamburgo e do cenário que se armava antecedendo a Segunda Guerra Mundial. A história dela foi destaque da última Tribuna Regional Boqueirão.
Carinhosamente chamada por todos da família de “oma”, que significa avó em alemão, Greta exibe um sorriso de quem transformou as adversidades em uma bela história. A matriarca da família conta que desembarcou do navio Monte Pascoal com apenas doze anos de idade para iniciar uma nova, e difícil, vida no Brasil. “Os fazendeiros de plantações de café e algodão ficavam nos esperando para que trabalhássemos no campo”, conta Greta. Porém, quem vinha sem nenhum dinheiro contraía dívidas nas vendas, que eram dos próprios fazendeiros, e ficavam presos ao serviço, sem poder deixar as terras.
O Xaxim representou um porto seguro na vida de Greta e sua família. Durante doze anos, eles trabalharam muito para se manter. “Conheci meu marido no navio e nos aproximamos durante os anos na fazenda de algodão. Mas como ele era um excelente marceneiro, conseguimos comprar um terreno em Cruzalha”, lembra Greta. Em 1971 eles trocaram a vida no interior de São Paulo pela capital paranaense.
Quilômetros a pé
Porém, na época em que se mudaram para Curitiba, a cidade era muito diferente. “Quando viemos para cá, só havia fazendas”, lembra Elisabeth Friedrich, filha de Greta. Apesar de muito pequena na época, Elisabeth conta sobre as transformações que assistiu. “Nós todos éramos acostumados com a vida da roça. Mas aqui abrimos um comércio e hoje administramos um bar e uma loja de autopeças”, conta a filha. Elisabeth ainda lembra que a mãe que era responsável pelo serviço pesado, pois seu pai possuía problemas sérios na coluna. “Ela sempre foi a força da família”, diz.