Tudo começou em setembro de 2007, com uma garagem pequena e o enorme coração de uma moradora do Xaxim. Na época, ao ficar viúva, a aposentada é hoje presidente do Clube de Mães Itamarati, Irma Ragalski, 77 anos, se viu só, com uma casa e um carro. Mas graças à sua iniciativa e ao amor pelo próximo, sua sensação de vazio não durou muito tempo. Logo teve a ideia de vender o automóvel do marido e usar o dinheiro e o espaço para passar as tardes conversando ou fazendo um lanche com mulheres do bairro.
Irma não imaginava que seu clube viraria projeto de assistência social que atende mais de 230 famílias carentes do Xaxim, com pouca ou nenhuma renda, formadas por pessoas que perderam o emprego, idosos e mães que criam os filhos sozinhas. A elas são oferecidos alimentos, agasalhos, cursos, palestras e encaminhamento profissional.
Prazer
“Trabalhar com as pessoas é um prazer, é minha vida. Muitas vezes fechamos os olhos e imaginamos que em lugares como Curitiba não existam pessoas passando necessidade. Mas às vezes quem está ao nosso lado pode estar passando fome. Tem muita gente precisando de ajuda”, registra Irma.
Gratidão por doações
Para a dona de casa Emília Leli Kec, 69 anos, a ajuda semanal recebida incrementa o cardápio da família. “Faz tempo que tenho cadastro no clube e recebo as doações. A ajuda delas é uma bênção. Na minha casa e na casa da minha filha, somos cinco beneficiados”.
Sem trabalhar por problemas de saúde, o servente de pedreiro Claudio de Paulo, 59, também busca os alimentos doados pelo grupo. “É uma ajuda muito importante. Eu, minha esposa que tem deficiência e meu filho agradecemos estas doações”. Outra família que enfrenta dificuldades e busca apoio no clube é a da diarista Miguelina Bueno de Oliveira, 48. “Estou desempregada. Estas doações tem sido grande ajuda. Conheço o trabalho da dona Irma há muitos anos, ela é um exemplo”.
Agenda cheia
Na segunda-feira, a antiga garagem que hoje é a sede do clube, recebe as mulheres da comunidade para aulas de artesanato. Na terça, Irma e suas três parceiras de trabalho fazem contatos com pessoas e empresários, buscando novas doações e parcerias. Quarta-feira tem curso de artesanato para iniciantes.
Nas quintas-feiras, pela manhã Irma freta uma Kombi para ir até a Ceasa buscar os alimentos que são destinados às entidades beneficentes. À tarde, são separados em sacolas e divididos entre as 230 famílias, que chegam ao clube pontualmente às 16h, com suas carteirinhas na mão, para buscar as doações. Na sexta-feira acontecem cursos e palestras sobre saúde, trabalho, aposentadoria, cuidados pessoais ou preenchimento de currículos e entrevistas de emprego. Nos fins de semana há eventos especiais.
Trabalho sem fim
Irma explica que o trabalho é feito com doações, ajuda de voluntários e, muitas vezes, utilizando recursos de sua aposentadoria. “Atuo em parceria com empresários e pessoas que confiam em mim e no meu trabalho. Tenho cadastro das pessoas atendidas e sabemos exatamente o que cada uma recebeu”.
Exemplo de solidariedade, Irma não se abate, mesmo em momentos difíceis, como o que passou recentemente, ao receber o diagnóstico de câncer de mama. Ainda em tratamento, que inclui sessões de quimioterapia, ela afirma não sentir medo da morte, se diz feliz e agradecida por cada dia que passa viva e com disposição para ajudar quem precisa. “Eu não me entreguei nenhum dia sequer. Tenho fé, considero que estive doente, mas hoje me sinto bem”.
Serviços:
Clube de Mães Itamarati
Rua Pedro Siemens, 510. Xaxim
(41) 3276-0517
irmaragalski@yahoo.com.br