O muro com ameias pintado de verde e branco junto com o Brasão da República em alto relevo revela que o terreno localizado na Rua Amapá, no Vista Alegre, não é como os demais. Porém, por mais que a imaginação de quem vê a área de fora possa ir muito longe, dificilmente conseguiria supor que ali está instalado um aquartelamento da década de 1970 completo e planejado nos mínimos detalhes para ser fiel ao modelo original.
O local é a sede da Brigada Paranaense de Viaturas Militares Antigas (BPVMA), uma iniciativa particular de dois apaixonados pelo Exército Brasileiro. São eles Luiz Roberto Lúcio Soares e Luércio Turra, filhos de militares que cresceram envolvidos pela atuação dos pais servindo o país. O objetivo principal de todo empenho é fazer uma homenagem aos militares, especialmente aos soldados que foram à Itália na Segunda Guerra Mundial.
“É uma homenagem ao Exército, inclusive pela motomecanização das viaturas. Restauramos aqui a lata e o ferro, mas também a alma do soldado que lutou. Ele pode ter tombado nos combates ou ter sido salvo do front por uma destas viaturas. Vamos homenageá-los até o fim”, afirma Turra, que é presidente da brigada, e cita os pracinhas que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Todo o espaço foi criado com recursos próprios e sem nenhum vínculo com o Exército Brasileiro. “Sempre tive jipe militar e tudo isso só reforçou o meu gosto por viaturas”, lembra o presidente. A frota da brigada, que em Curitiba é composta por 50 viaturas, é oriunda de leilões do Exército. Na sede elas são reformadas e novamente caracterizadas da maneira como iam para combate ou eram utilizadas pelos soldados.
Por que viatura?
De acordo com Turra, viatura é a definição correta para veículos militares. Ele explica que uma viatura recebe essa denominação específica por possuir acessórios diferentes de um veículo comercial.
Outra característica específica da viatura são os tamanhos, que podem ser 4×4 ou 6×6. Turra ressalta que viaturas militares são usadas somente por bombeiros, policiais e pelo Exército.
Quartel tem até abrigo contra bombas
Quem nunca entrou na sede da BPVMA pode pensar que é apenas uma garagem de viaturas militares antigas. Mas lá é um verdadeiro “quartel”, ou melhor, um museu, que guarda curiosidades e homenagens a ex-combatentes brasileiros de guerra.
Subindo as escadas, há uma sala dos generais. Além de reverências aos generais e subgenerais do exército brasileiro, e da presidência da BPVMA, a área também possui uma porta que “esconde” o mais curioso do quartel: a sala subterrânea usada pelos soldados como proteção contra bombas e inimigos. Nela há rádio, telefone e até telegrafia (aparelho usado, geralmente, para pedir socorro em casos extremos).
Além disto, a brigada possui um cinema. A maioria dos filmes é de guerra, o que não poderia ser diferente. Ao lado, encontra-se o museu, que possui miniaturas de viaturas do Exército, armas, munições, e outros objetos de guerra. Nem todos os materiais encontrados na Brigada são originais. Também há relíquias que foram doadas por simpatizantes ou membros do grupo. Quanto às datas, há objetos desde a Segunda Guerra Mundial até os anos 90.
O quartel possui ainda uma capela chamada de Capelania. Lá se faz homenagem a Conan, o cachorro que foi companheiro dos membros da Brigada Paranaense durante dez anos. O local também reverencia todos os animais que vão ou foram à guerra. “Os dois animais que acompanharam os soldados nas guerras, desde o primórdio são o cachorro e o cavalo”, afirma o presidente da brigada.
Para ex-combatentes brasileiros o lugar pode representar uma “casa”. Aos que desconhecem, a Brigada é um local misterioso. Porém não é aberto ao público e recebe apenas militares e policiais das chamadas forças auxiliares. “Não temos condições de abrir para o público. Conseguiremos caso tenha iniciativa da Cultura municipal ou estadual”, explica Turra.
Colaborou: Rômulo Ogasavara
https://www.youtube.com/watch?v=0Zq8gRYfy5s&
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