Lições de socialização, inclusão, desenvolvimento integral, não-violência, não-preconceito, respeito mútuo, cooperação e solidariedade através do esporte. Esses são os ensinamentos passados pelo Projeto Geração Campeã a 120 crianças carentes moradoras da Vila Audi/União, no Uberaba, que recebem aulas gratuitas das modalidades de Remo e Basquete. “Nosso foco não é revelar atletas de elite ou formar esportistas. Nosso objetivo é, por meio de ações planejadas, ensinar a essas crianças atividades de cidadania, psicomotricidade e cultura, para formar novos cidadãos”, explica Elizete Drevinski, coordenadora do projeto.
O programa teve início em abril do ano passado através da iniciativa da organização não-governamental (ONG) Gerar e do patrocínio da Petrobrás. Hoje, o projeto, que tem 18 meses de duração, atende crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Todas os participantes do projeto participaram de uma seletiva. “Analisamos as condições social e financeira de cada família, aspectos escolares e uma série de fatores para a seleção. Conseguimos atender apenas 120 crianças, que é a nossa capacidade. Mas há fila de espera”, conta Elizete.
As crianças participantes do projeto realizam as aulas sempre no contra turno do horário escolar e as atividades esportivas acontecem três vezes por semana. A prática do basquete acontece na quadra do Centro de Juventude da Vila Audi/União. Já as aulas de remo ocorrem no Parque Náutico do Iguaçu, no Boqueirão.
A ex-jogadora de basquete, com passagens pela seleção brasileira, Joycemara Batista, é a responsável pelas atividades em quadra. Ela conta que, em quase nove meses de projeto, é possível perceber a diferença no comportamento das crianças. “Muitas chegaram aqui bem agitadas, pouco sociáveis e até agressivas. E com as aulas de basquete, onde se aprende o companheirismo, espírito de equipe e disciplina, elas começaram a se comportar mais e hoje são crianças com fome de aprendizado”, explica a Professora Joyce, como é chamada pelos alunos.
Medo vencido
No Parque Aquático do Iguaçu, as aulas são ministradas por Walfrido Zimermann, remador experiente de Blumenau. Há 13 anos em Curitiba, ele já participou de diversos projetos sociais relacionados ao Remo, mas confessa que esse tem um sabor especial. “É um programa muito bom, com estrutura excelente e com pessoas excelentes participando. E trabalhar com crianças sempre é um prazer”, revela.
Zimermann confessa que o início das atividades geraram certo medo entre os pequenos alunos. “Muitos deles não sabiam nadar, mas com as primeiras aulas são de natação, eles chegaram um pouco mais confiantes ao lago”, conta. No início, os alunos usam embarcações com pequenas boias nas laterais, que são posicionadas para o barco não virar. “Isso dá muita segurança. Além disso, todos eles usam coletes”, diz.
“É um esporte onde eles aprendem a trabalhar em equipe e cultivar o companheirismo. Eles estão muitas vezes em apenas quatro na água e quando algo não funciona, os alunos têm que parar e debater em grupo a melhor solução para tudo dar certo e eles acabam se ajudando muito. Isso é uma lição que se leva pra vida toda”, ressalta Zimermann.
O projeto ainda tem sete meses pela frente e, se depender da coordenação do Geração Campeão, o programa ainda vai durar muitos anos na capital. “Vamos trabalhar para que o patrocínio seja renovado. Além disso, sempre ressaltamos que é um projeto realizado através da Lei do Incentivo ao Esporte. Então, para as empresas que queiram colaborar conosco, estamos abertos a novas parcerias para inclusive ampliar o projeto para outras comunidades pobres de Curitiba”, conclui Elizete.