Um exemplo do descaso com o dinheiro público pode ser observado pelos motoristas que passam pela Avenida das Torres, ao longo do Uberaba, ao observar o complexo que abriga o Parque do Centenário da Imigração Japonesa. Inicialmente a obra foi orçada em R$ 4,929 milhões. Mas pro espaço – que retirou da área 855 famílias que viviam em condições irregulares – ganhar utilidade pública, ainda resta aguardar nova licitação apenas para primeira etapa de obras, orçada em R$ 238 mil, com a promessa de ser entregue até o final de 2016.
A situação do parque é tão crítica que praticamente todos os equipamentos instalados no local foram depredados ou furtados. A lista de itens que já se perderam ao longo dos anos é tão grande quanto a estrutura erguida. Apesar de a prefeitura informar que muito material foi retirado do local pra preservação, é possível observar que postes de luz, vidraças, materiais de granito, lâmpadas e até parte da estrutura metálica foram alvos fáceis da ação de criminosos. O que não foi levado pelos ladrões, está completamente destruído.
Na entrada do lugar ainda consta um aviso anunciando que o local passa por um período de reforma. Mas a realidade é bem diferente. O que era para ser uma área para abrigar peças do navio Kasato-Maru, responsável por trazer os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, ganhou outras utilidades. Durante esses anos sem funcionar, o parque está servindo como espaço para casais que aproveitam o local isolado pra namorar, motoristas que treinam suas habilidades no percurso do estacionamento e skatistas que aproveitam o chão liso da estrutura principal, que deveria abrigar exposições.
Obra demorada
A obra do parque foi anunciada em 2008. Mas no decorrer da obra, muitos contratempos marcaram o andamento dos trabalhos. Os motivos para paralisação das obras já foram abordados pela Tribuna em edições anteriores. Na época, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) informou que o governo federal apenas teria demorado em repassar a verba e as empresas responsáveis pela obra abandonaram o contrato. Até dezembro de 2012, foram gastos R$ 2,812 milhões, sendo R$ 2,106 dinheiro da União e R$ 706 mil recursos do município.
Para o superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), Alfredo Trindade, o parque foi inaugurado precipitadamente. “Assumimos o compromisso de concluir o parque, que foi inaugurado pela antiga gestão sem condição de ser usufruído pela população”, explica. De acordo com ele, restam apenas três etapas, sendo que uma delas já está em fase de licitação. “Nosso esforço é entregar o parque completo até o término da gestão, sem nenhuma pendência”, afirma.