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A década é a de 80 e o nome dela é Marli Nery. Fazendo picolés, ela começou a ganhar cada vez mais espaço e, aos poucos, se viu numa produção tão grande que não dava mais conta de fazer e vender os sorvetes, precisando da ajuda do marido, Nerivaldo Nery. O casal pode não ter percebido, mas começava ali a Quebra Gelo, uma das sorveterias mais famosas de Curitiba e que, pouco a pouco, conquistou um público fiel. Hoje já são aproximadamente 40 anos de tradição.

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A história da sorveteria foi contada à Tribuna do Paraná por Patrícia Nery, a filha do casal, que hoje é a responsável por dar sequência ao trabalho que seus pais começaram lá atrás. Localizada no Tingui, em Curitiba, a Quebra Gelo sempre movimentou muito a rua em que funciona e o mais interessante é que, desde sempre, nunca teve muita propaganda. “Meu pai sempre disse que sempre foi bom sem placa, então se colocássemos alguma propaganda, o movimento cairia, resolvemos ouvi-lo”, brincou.

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Quando começou, a mãe de Patrícia fazia apenas picolés e tinha a ajuda de algumas pessoas que revendiam o sorvete para ela. “Com o tempo, ela percebeu que a produção foi aumentando e não deu mais conta. Meu pai largou o emprego que tinha para ajuda-la e começaram a variar na produção, foi aí que começou de fato a sorveteria Quebra Gelo”, contou Patrícia.

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Marli se aposentou recentemente, mas Nerivaldo, que é conhecido como ‘Neni’, continua firme e forte ao lado da filha. “A nossa família se formou toda em torno da sorveteria, a começar por nossos endereços, pois moramos todos muito perto e temos muita ligação. Mesmo com mais idade, meu pai continua ajudando porque a experiência é muito grande mesmo”.

Receita de família!

Patrícia Nery e o pai, conhecido pelos clientes como “Neni”. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Desde sempre, a receita do sorvete é a mesma. “Foi aprimorada ao longo dos anos, mas é basicamente a mesma que minha mãe fazia lá atrás. A produção é toda nossa, temos funcionários, maquinário e todo o equipamento necessário”, disse Patrícia, destacando o diferencial da sorveteria para o fato de que nada usado ali é totalmente industrial. “A gente preza muito pelo saudosismo e de ‘por a mão na massa’, acreditamos que isso torna o processo mais humanizado também”.

Com uma média de 35 sabores, dos mais tradicionais aos mais exóticos, como kiwi e cupuaçu, os mais vendidos sempre foram dois: flocos e iogurte com amora. “É incrível porque são os que mais vendemos, o de iogurte então é o mais procurado mesmo, todo mundo gosta”.

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Faça sol ou faça chuva, tem gente na sorveteria. “E isso nos impressiona demais, até hoje. O espaço está ficando pequeno e não comportamos a quantidade de pessoas que recebemos, mas também não temos como mudar isso, aumentar a sorveteria, por exemplo. Mas é justamente isso que nos chama a atenção, pois as pessoas enchem a sorveteria e muitas vezes não tem nem onde estacionar”, comentou Patrícia.

Sabores da Quebra Gelo. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Para a atual responsável pela sorveteria, a Quebra Gelo continua tão firme pelo saudosismo que transmite. “Transpassa a ideia de família, de juntar as pessoas para tomar o sorvete, justamente pelas pessoas saberem que tem uma história familiar por trás disso tudo. Os clientes, no início, eram do bairro, traziam os filhos e hoje estamos quase na quarta geração, os avós trazem os netos. Virou um programa de família”.

Para Patrícia, tocar o negócio criado por sua mãe é um sinal de que conquistaram o sucesso. “É uma questão de orgulho saber que uma ideia que ninguém acreditava está aí há 40 anos. Deu certo. É uma felicidade muito grande poder dar sequência ao trabalho da família”.

Cliente fiel

José Joel frequenta a sorveteria Quebra Gelo há 27 anos e diz que não há outra igual em Curitiba. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Frequentador da Quebra Gelo há 27 anos, José Joel Correa da Silva, 62 anos, é uma das pessoas que mais apoia a continuidade da sorveteria. “Conheci o ‘Neni’ quando fazia um trabalho social numa igreja do Bacacheri e servíamos almoço com o sorvete de sobremesa. Desenvolvemos o hábito de vir até a sorveteria e consumir por aqui”, contou.

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No passado, José chegou a ter uma confeitaria no Batel e lá vendia sorvete. “Mas os clientes exigiam que fosse o sorvete do ‘Neni’. Conseguiam identificar se trocássemos e isso também me fez virar cliente, porque comecei a ver o quanto era bom. Hoje, se tenho um momento para tomar sorvete, é aqui que eu venho”.

Flocos e Iogurte com Amora são os sabores mais pedidos pelos clientes. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

José disse que são pelo menos três fatores que fazem com que a Quebra Gelo continue. “O primeiro é a qualidade, o segundo é a variedade e o terceiro é o ambiente familiar. Quando a gente senta para tomar um sorvete, encontramos famílias inteiras desfrutando e isso é muito interessante. Comento com minha esposa e meu filho que é muito melhor a gente aproveitar a variedade que tem aqui, do que ficar restrito a poucos sabores. O sorvete é muito bom, é o único que se mantem artesanal e só cresce, o que faz da sorveteria um referencial”, defendeu o cliente.

Conheça também!

Uma bola custa R$ 3 e picolés são vendidos a partir de R$ 1. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

A Quebra Gelo fica na Rua João Batista Trentin, 961, no bairro Tingui, em Curitiba, no mesmo endereço desde 1982. Os preços variam muito, mas o picolé custa a partir de R$ 1 e uma bola R$ 3. Já o pote de um litro, R$ 9. O horário de funcionamento é sempre das 13h30 às 19h de segunda a sábado e das 10h30 às 19h no domingo, mas se quiser: dê uma ligada antes de sair de casa: (41) 3256-1502.

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