Lá o bicho pega!

Há mais de um mês os moradores da Rua Heron Wanderley, no Bairro Tatuquara, estão sem receber correspondências. O serviço de entrega de cartas foi interrompido devido à grande quantidade de cães soltos na região, que atacam carteiros e funcionários que fazem a leitura do consumo de água e energia elétrica.

Apenas no ano passado, foram registrados 42 ataques desse tipo em Curitiba. Desses, 11 ocorreram na região do Tatuquara/CIC. De acordo com a chefe de segurança do trabalho dos Correios, Rose Manosso, a situação é antiga. “Sempre tivemos um grave problema de conscientização com a população dessa região”, conta Rose.

Ela explica que quando é constatada uma situação de risco para o profissional, um supervisor notifica moradores da rua para avisar sobre a paralisação do serviço. “Após a terceira tentativa de entregar a correspondência, avisamos aos moradores sobre a situação e até ser solucionado o problema a rua permanece sem o serviço”, explica Rose.

Sem receber cartas há meses, o morador Anderson Almeida Cardoso reclama das dificuldades que está enfrentando para pagar as contas. “Agora para receber a conta de luz e água temos que pedir lá na Copel e na Sanepar”, relata Cardoso.

De acordo com o morador, a situação é provocada por vizinhos que alimentam os cães, mas apenas cuidam do portão para fora. “Tem muita gente que fica com pena dos cachorros abandonados e deixa um prato de comida e água na frente de casa”, conta Anderson. O morador ainda conta que para os próprios moradores é difícil passar pela rua. “Ele atacam até eu quando volto pra casa de moto”, diz Cardoso.

Problema comum

A situação no Bairro Tatuquara também atrapalha o serviço de funcionários da Copel, da Sanepar e da Cavo, empresa responsável pela limpeza pública. As instituições se uniram na campanha “PrevenCão”, para conscientizar moradores sobre a responsabilidade com os animais.

A principal queixa desses profissionais é de que a maioria dos cães responsáveis por ataques possuem donos. “A gente vê que os cachorros estão bem cuidados e com certeza eles têm um dono. As pessoas é que não cuidam direito para eles não fugirem”, diz o funcionário da Copel Wagner Soares.

Wagner já foi mordido por um cachorro durante o serviço e agora se previne redobrando os cuidados. “Quando a gente entra na rua já vai vendo se tem cachorro solto. Se tem algum morador, pedimos ajuda, se não o bicho pega!”, diz.

Indenização

A situação é tão grave que nos casos mais violentos os carteiros passam por acompanhamento psicológico. “Temos casos em que o profissional tem que ser removido da área de distribuição e passa a ocupar outras funções”, conta a chefe de segurança do trabalho dos Correios, Rose Manosso.

No ano passado, a dona de um cachorro foi condenada a pagar uma indenização de mais de R$ 3 mil reais aos Correios, após seu cão de guarda atacar um carteiro, em Colombo. Para Rose, a indenização serve mais como um alerta para que a população desperte para o problema.

“Só nos Correios, sofremos em média 150 ataques desse tipo por ano. Temos que mobilizar a sociedade, pois ano após ano esse índice permanece igual”, conta a chefe de segurança do trabalho.

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