Quem passa frequentemente pela região do Tatuquara e da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) não vai poder utilizar duas obras semiprontas da BR-116 tão cedo. Tanto a trincheira que leva à Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa) quanto o viaduto que conecta os moradores da Vila Pompeia à rodovia estão finalizados, mas não podem ser usados porque os acessos não foram construídos. Os Caçadores de Notícias já registraram o atraso na conclusão das obras duas vezes, em dezembro de 2015 e no último mês de março.
O local onde serão feitas as alças do viaduto, que fica no cruzamento da BR com a Rua Hasdruball Bellegard, na CIC, ainda é um mistério para o comerciante Marcos Geroldo Appel. Dono de uma loja de peças e acessórios para caminhão no terreno do posto de combustível do quilômetro 110, próximo à obra, ele foi comunicado extrajudicialmente há quatro ou cinco anos, pelo dono do posto, que teria que desocupar a sala em 90 dias. “Aqui são 13 comerciantes inquilinos, que alugam esses barracões para trabalhar. Informaram que as alças iam passar pelo pátio do posto, e que teríamos que sair daqui. Mas depois disso, não ficamos sabendo de mais nada”, conta.
No início de 2014, preocupado com o futuro de seu estabelecimento, ele até se reuniu com o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) em busca de definições. No entanto, a incerteza continua. “Não sabemos de nada, e só rolam boatos. Dizem que a obra está demorando porque tem uma nascente ou olho d’água embaixo da trincheira, e que a Secretaria de Meio Ambiente não está deixando construir. Enquanto isso, estou precisando reformar a sala e não posso investir, porque não sei se vou ter que sair daqui”, desabafa. E o trânsito, nesse meio tempo, segue congestionado. “Engarrafamento aqui já é normal.”
Amanhã incerto
Também é de indefinição o clima para as 18 famílias que vivem à beira do viaduto da Vila Pompeia, no Tatuquara. A obra, no quilômetro 117 da BR-116, foi entregue pela Autopista Litoral Sul em setembro de 2015, porém, não pode ser inaugurada porque faltam as alças de acesso, de responsabilidade da prefeitura. Um entrave para a construção são os moradores das 18 residências, que precisam ser retirados do local. Quando e como ocorrerá essa realocação é um ponto de interrogação.
“Ninguém sabe de nada, ninguém fala nada, não teve diálogo, não teve proposta. Passaram por aqui, marcaram as casas e nunca mais deram satisfação. Dizem as más línguas que vai ser em 2017 que vão tirar a gente daqui. Está tudo quieto”, diz o aposentado José Gomes Sobrinho, 64.
Licitação enrolada
De acordo com a prefeitura, as alças da Ceasa estão em processo licitatório. “Permanece em análise documental das empresas que apresentaram propostas. Somente após a homologação da empresa vencedora e posterior emissão da ordem de serviço é que as obras serão iniciadas.” A Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) não informou em que localidade as alças serão construídas nem deu uma previsão do início da obra.
“Para viabilizar o projeto das alças da Ceasa foi necessário que a prefeitura desapropriasse áreas que resultaram em pagamentos de aproximadamente R$ 15 milhões. Das onze indenizações necessárias, dez já foram pagas pelo município. O único processo pendente está relacionado com a própria Ceasa e está em negociação. Não há nada mais a ser pago para outros envolvidos”, ressalta a prefeitura.
Outro edital
As dezoito famílias atingidas pela execução das alças do viaduto da Vila Pompeia vão ser realocadas para um empreendimento da Companhia de Habitação do Paraná (Cohab), que ainda será licitado, no mesmo bairro (Tatuquara). “Enquanto as moradias não ficam prontas será garantido auxílio-moradia para essas pessoas”, garante a prefeitura.
Para a realização das alças do viaduto, novo edital de licitação foi lançado na quinta-feira (21). “A licitação anterior, cujo resultado foi publicado em Diário Oficial em 5 de julho, teve apenas uma empresa interessada, mas foi desclassificada por não apresentar documentação comprovando acervo técnico, e desistiu do processo”, informa a SMOP. As propostas foram entregues à secretaria na última semana, e o prazo para a conclusão da obra é estimado em 90 dias após ela ser iniciada. Para início da construção, não há previsão.
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