A vida do poeta, artista por vocação que também atuou na música e no circo, Maurício Batista de Oliveira, 69 anos, nem sempre foi tão bela quanto sua arte. Ao longo dos anos, problemas pessoais e de saúde o levaram a viver nas ruas. Mas há quatro anos, sua história tomou novo rumo. Tudo mudou quando Maurício foi morar no Lar dos Idosos Recanto do Tarumã, onde passou a conviver com outros idosos, que como ele, recebem diariamente alimentação, atenção e cuidados adequados, além de participarem da intensa rotina de atividades culturais, de saúde e lazer.
“Aqui é ótimo, levanto cedo, arrumo minha cama e vou para a fisioterapia ou para a musicoterapia. Também canto e participo do tai chi chuan. Não me sinto sozinho, desde as zeladoras até a equipe técnica, todos nos tratam muito bem. Já fui morador de rua, por conta do vício em álcool e drogas, mas hoje estou bem. Desde que cheguei, escrevi três livros de poemas, dois foram publicados e o terceiro ainda sonho em ver impresso. Também passei no vestibular para a faculdade de direito”, conta com orgulho.
Outro morador que aprecia a rotina que leva é Manoel dos Santos Basso, 73. Ele também vive no lar há pouco mais de quatro anos e lá encontrou a tranquilidade que precisava para expor sua sensibilidade, visível em cada paisagem que pinta. “Nunca fiz curso ou trabalhei com pintura, isto é um passatempo. Gosto de viver aqui e todos os dias, se o tempo ajuda, pinto alguma coisa”.
Estrutura
Ao todo, 120 idosos moram no Lar dos Idosos Recanto do Tarumã, que é mantido pela Socorro aos Necessitados, uma associação civil filantrópica, sem fins econômicos, que sobrevive com recursos doados por pessoas e empresas e também por meio de parcerias com os governos municipal e estadual. O lar abriga homens acima dos 60 anos de idade, que não possuem condições de sobreviver ou apresentam vulnerabilidade familiar.
Segundo o gestor de marketing da Socorro aos Necessitados, Guilherme Augusto Dombrowski, a missão do lar é oferecer qualidade de vida para seus moradores. “A ideia é prolongar a vida dos idosos, fazendo com que eles tenham suas identidades e direitos resgatados. Queremos que aqui seja a casa deles e não um asilo”.
Para conseguir uma vaga no lar o idoso precisa ser indicado pela Fundação de Ação Social (FAS), para depois passar por uma entrevista com o assistente social da instituição. E a partir do momento que se torna morador do lar, ele passa a receber atendimento feito por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, voluntários e outros profissionais, que seguem um cronograma de atividades que incluem sessões de psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, jardinagem, entre outras.
Centro dia
No mesmo local também funciona o Centro Dia Recanto do Tarumã, que recebe diariamente 20 idosos carentes de ambos os sexos, que ainda possuem vínculos familiares. Eles fazem quatro refeições diárias, participam de atividades recreativas, fisioterapia e recebem cuidados médicos e psicológicos. Tudo para que possam ter melhor qualidade de vida e fiquem bem cuidados enquanto seus parentes trabalham.
Como ajudar
Para manter o lar e o centro dia, a Socorro aos Necessitados recebe doações em dinheiros ou em produtos. Os materiais recebidos abastecem primeiro os idosos e depois, o que não é utilizado por eles, vai para um bazar, cuja renda é revertida em prol dos idosos.
http://www.socorroaosnecessitados.org.br/
Rua Konrad Adenauer, 576, Tarumã – Fone: (41) 3266 -3813
Depósito ou transferência bancária:
HSBC – AG. 0123 C/C 25935-80
Banco do Brasil – AG. 009-4 C/C 710 215-1
CNPJ 76.614.379/0001-91
Curiosidades
- 300 pessoas circulam pelo lar diariamente, entre funcionários, voluntários e estagiários.
- 7500 metros quadrados é o tamanho do terreno onde estão instalados o Lar, o Centro Dia e a administração da Socorro aos Necessitados.
- Os 120 idosos vivem em três alas: na 1 ficam os mais dependentes (quem têm dificuldade para se locomover, comer, se trocar ou tomar banho), na 2 os semidependentes e na ala três os idosos independentes.
- 5000 doses de remédios são separadas diariamente na farmácia do Lar.
- Apenas 10% dos idosos costumam receber visitas de suas famílias.
- Mais de 50 anos, este é o período que alguns dos moradores vivem no lar, que atendeu no passado a crianças carentes