Cansados dos constantes furtos a residências e dos assaltos, moradores da Rua Ibaiti, no Sitio Cercado, se mobilizaram. Há pelo menos dois anos, câmeras de segurança foram instaladas e um alarme pode ser disparado a qualquer momento. “As faixas colocadas na rua já mostram que estamos em alerta, mas cada um tem seu controle remoto. É só reparar algo errado. E o combinado é agir”, relata uma das moradoras.
Segundo os moradores, as câmeras monitoram tudo, mas é o olhar fiel dos vizinhos que faz a segurança ainda mais intensa por lá. “Quando alguém vê algo errado, aperta o controle, dispara o alarme e não esperamos que a polícia venha, porque se vem, chega tarde demais. Nosso acordo é irmos pra rua e segurarmos o bandido”, explica.
As câmeras e o alarme foram instalados primeiro no trecho da Rua Ibaiti que fica entre as ruas Arapongas e a Apucarana. “A gente se uniu. Só assim foi possível. Fizemos o orçamento, conversamos com os moradores, que aceitaram pagar pelo equipamento, e instalamos”, conta Dirceu, que mora na via e é genro do rapaz que fez a instalação. Os moradores pagaram apenas a instalação e o custo dos equipamentos. “Não pagamos mensalidade. Caso alguma câmera estrague ou precise de qualquer manutenção, por exemplo, a gente se reúne de novo e divide o valor necessário. Compensa muito”, comenta.
A união dos moradores aconteceu depois de vários episódios na rua. “Uma pessoa foi assaltada, outra abordada por um tarado, carros violados, sem contar as casas que recebiam sempre a ’visita’ dos bandidos que levavam até roupa do varal. Nós cansamos e resolvemos não esperar mais pela polícia”, relata outra moradora, auxiliar de recursos humanos de 36 anos.
Solução tecnológica
Com as câmeras naquele trecho da rua, os moradores de outras quadras da Rua Ibaiti resolveram adotar o mesmo sistema de monitoramento. “Primeiro conversamos entre nós, os vizinhos, e percebemos que precisávamos conhecer uns aos outros. Depois, articulamos os locais em que as câmeras ficariam e deu certo”, conta um porteiro de 63 anos.
Neste segundo trecho da Rua Ibaiti, entre as ruas Apucarana e Celeste Tortato Gabardo, os moradores pagaram dez parcelas de aproximadamente R$ 80 e passaram a ter o mesmo equipamento. “Assim como no primeiro trecho, colocamos também algumas faixas, para alertar os espertinhos de que eles estão, sim, sendo monitorados”.
O monitoramento é feito pelos próprios moradores, que têm acesso às câmeras por um aplicativo de celular. Na última vez em que algo aconteceu na rua, o equipamento funcionou. “Um rapaz tentou arrombar um carro e um de nós o flagrou. O seguraram, chamaram a polícia e ele foi levado. Os policiais ainda descobriram que fazia só um mês que o rapaz tinha saído da cadeia”, recorda o porteiro.
Projeto se multiplica
O equipamento da Rua Ibaiti chamou tanto a atenção dos moradores do Sitio Cercado, que vizinhos de outras ruas próximas dali procuraram o rapaz que fez a instalação e adotaram o mesmo procedimento. “Há 15 dias nós estamos com as câmeras. Antes, tínhamos um grupo no WhatsApp. Com o monitoramento, percebi que passamos a andar pela rua mais tranquilos”, diz uma copeira de 59 anos.
A esperança destes moradores é de que as câmeras e o alarme reforcem a segurança das casas e ajudem também a esclarecer possíveis crimes. “O que a gente já pode dizer é que o convívio com quem mora ao lado se tornou muito melhor. Acredito que este seja um primeiro passo para melhorarmos nossa realidade”.
Ferramenta válida
Segundo a Polícia Militar (PM), cada cidadão também é responsável, juntos com os órgãos constituídos, pela segurança pública. A PM avalia que toda ferramenta utilizada pelo cidadão, respeitados os direitos e deveres de cada um, é válida e agrega para a segurança de todos. Inclusive é uma orientação da PM que os vizinhos se conheçam para que possam agir em conjunto em qualquer situação de auxílio ao próximo.