Lixo que alimenta

Foto: André Rodrigues

A cada 15 dias, ao longo do muro grafitado da Escola Municipal Bairro Novo do CAIC Guilherme Lacerda Braga Sobrinho, no Sítio Cercado, forma-se uma longa fila de moradores com carrinhos de mão, de supermercado e até de bebê, carregados com sucata, papel, papelão, vidro e plástico, além de garrafas PET cheias de óleo de cozinha. Esses resíduos, que poderiam poluir a natureza, são trocados por frutas, verduras e legumes. Com o programa municipal Câmbio Verde, quatro quilos de lixo reciclável ou dois litros de óleo de cozinha rendem um quilo de verduras, frutas e legumes.

Em frente a um caminhão, funcionários da Cavo recolhem e fazem a pesagem dos resíduos, informando ao morador a quantidade de alimentos a que ele tem direito. A 40 metros fica outro caminhão, onde são entregues os produtos de hortifrutigranjeiros. O pedreiro aposentado Luiz Martins, de 70 anos, bate ponto nos postos de troca há 18 anos. “De 15 em 15 dias estou aqui. Trago o óleo que a gente usa e recolho vidro da rua. É bom, porque senão só fico em casa varrendo e lavando louça”, ri. Ele saiu de lá com 18 quilos de alimentos, suficientes para alimentar a família de seis pessoas por duas semanas.

Para a costureira aposentada Maria de Lourdes Prado de Oliveira, 68, o Câmbio Verde garante fartura na mesa e livra do tédio. “Não posso ver uma cama à toa que já durmo. Então, saio pra recolher sucata e óleo da casa dos vizinhos. Depois, reparto os alimentos com eles”, diz ela, que tinha acabado de carregar o carrinho de mão com 15 quilos de frutas e legumes.

Programa de sucesso

Depois que o Câmbio Verde foi criado, há 24 anos, a população deixou de jogar lixo nos rios, conta o funcionário da Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB) José Neris. “Os problemas com enchente diminuíram bastante, o Rio Belém era muito poluído. O programa limpa a cidade e alimenta o povo”, avalia. Neris diz que a iniciativa tem tanto sucesso que foi copiada por outros estados e até outros países. Em toda a cidade, são 100 pontos de troca.

Quando o caminhão do programa chega, o papelão, os plásticos e os vidros “viram” verduras, frutas e legumes. Foto: André Rodrigues.
Quando o caminhão do programa chega, o papelão, os plásticos
e os vidros “viram” verduras, frutas e legumes. Foto: André Rodrigues.

O programa foi criado em 1991, após uma supersafra de repolho na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Para escoar a produção, surgiu a ideia de trocar alimentos por lixo reciclável, numa parceria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e da SMAB. Os produtos de hortifrúti são comprados de associações de pequenos produtores da RMC, organizados através da Federação de Produtores do Paraná (FEPAR).

Serviços:

Confira locais e horários de funcionamento do Câmbio Verde na Regional Bairro Novo

Até dia 17/12, às quintas-feiras

  • Rua Astorga, entre Rua Celeste Tortato Gabardo e Rua Thereza Thomazzi, Sítio Cercado. Das 14h às 15h.
  • Rua Celeste Tortato Gabardo, em frente à Creche Conj. São João Del Rey, Sítio Cercado. Das 15h às 16h.
  • Rua Romário Gonçalves, em frente à Igreja Vila Vitória, Umbará. Das 14h às 15h.

Até dia 18/12, às sextas-feiras

  • Rua Romário Gonçalves em frente a Igreja Vila Vitória, Umbará. Das 9h às 10h.
  • Travessa Amarido Dalazuana esquina Rua Diva Regnier Barrozo, Umbará. Das 10h às 11h.

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