Vai e vem de carros, helicópteros e um efetivo pesado de policiais na redondeza. É assim que está a vizinhança do Ganchinho, Sítio Cercado e Umbará desde que seleção de futebol da Espanha se instalou no Centro de Treinamento (CT) do Clube Atlético Paranaense.
“Pelo menos agora temos policiais no bairro. Tem tanto policial militar aqui e lá no Centro a cidade fica na mão dos bandidos”, avalia a dona de casa Maristela Schimidt, 47, há 33 anos na região. A falta de segurança na área foi a principal reclamação dos moradores ouvidos pelos Caçadores de Notícias, situação que contrasta com o esquema de segurança para receber os visitantes e os torcedores que são presença frequente em frente ao CT do Caju.
Nem mesmo a presença de uma sede da 2ª Companhia do 13º Batalhão da Polícia Militar no bairro reduz a sensação de insegurança, tanto para moradores como comerciantes. “Segurança é o que mais falta por aqui. Minha distribuidora de bebidas foi assaltada mais de dez vezes”, lamenta o empresário José Maria Ferreira, que trabalha há 17 anos na região. “Agora que a polícia está aqui dá até pra dormir de porta aberta. Mas somos carentes de policiamento e o povo quer mais”, pede a moradora Léa Jane, 48.
Por outro lado, a região é considerada um bom local para morar. A afirmação vai contra algumas manifestações de jornalistas espanhóis que estão frequentando a área e destacaram a simplicidade e a falta de estrutura no bairro. “Não podemos comparar com o Batel, aqui é um bairro com muitos trabalhadores, não temos barzinhos e shoppings”, avalia Léa.
“Aqui é um lugar sossegado, um bairro tranquilo e temos tudo que precisamos: mercado, farmácia, escola”, garante Maristela, que raramente visita o Centro por conseguir fazer todas “suas coisas” perto de casa. “Acho que estamos no céu, tem tantos lugares que alagam e aqui nunca tivemos esse problema”, diz, sem esconder sua preferência pelo bairro de onde não pretende sair.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM) informou que o policiamento na região é feito diariamente por viaturas da Rádio Patrulha. Além disso, destaca que o serviço reservado da PM atua no local e são realizadas com frequência operações pontuais do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) junto com o 13º Batalhão.
A estrutura de atendimento à saúde foi outro ponto destacado pelos moradores como um problema da região. Eles afirmam que encontram dificuldade em conseguir consultas com especialistas e alguns medicamentos estão em falta. “A saúde está um caos, não só aqui no bairro, mas no geral. Faltam médicos”, reclama uma moradora que se identificou apenas como Mary e está há 10 anos na região.
O serralheiro Davi Silva, 37, que há dez anos é vizinho do CT do Caju, tem problemas para conseguir medicamentos na unidade de saúde. “Não tem remédio. Além disso, demora muito tempo para conseguir consultas com especialistas”, critica.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, a pasta tem a meta de que as demandas sejam atendidas nas próprias unidades básicas de saúde, já que em muitos casos os pacientes ainda são encaminhados para especialistas. Além disso, para os que necessitarem de encaminhamento, a intenção é que o tempo de espera pela consulta seja inferior a três meses. Para isso, a secretaria está investindo na ampliação do número de especialistas nos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF). Para os casos de consultas especializadas com neurologistas, está disponível aos pacientes o Telessaúde, em que especialistas do Hospital das Clínicas trocam informações com os médicos das unidades básicas.
Em relação à falta de medicamentos, a secretaria afirma que são “problemas pontuais devido a licitações que não foram a contento e problemas de entrega de alguns laboratórios. A secretaria ressalta ainda que está remanejando alguns medicamentos entre as unidades básicas e que a maioria deles podem ser adquiridos gratuitamente nas farmácias conveniadas com o programa do governo federal Aqui tem Farmácia Popular”, aponta, em nota enviada à Tribuna.