Só falta abrir!

POR Ana Tereza Motta

“É muito complicado, eu não sei o que fazer, não mesmo”. O problema de Alessandra Araújo Barreto, 33, é comum a muitas mães. Ela trabalha como vendedora, o marido como mecânico e eles não têm com quem deixar o filho de 1 ano e 2 meses. “Ele fica com tia, com primo, com vizinho e não consigo vaga pra ele”. Alessandra mora no Sítio Cercado e está na fila de espera por uma vaga no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Jayme Canet Junior. “Até agora não chamaram ele. É um CMEI bacana, mas a gente não sabe quando vai funcionar. Fica todo mundo muito triste, decepcionado”, relata.

Alessandra não tem com quem deixar o filho: a gente não sabe quando vai funcionar (o CMEI Jayme Canet Junior, no Sítio Cercado). Foto: Felipe Rosa
Alessandra não tem com quem deixar o filho: a gente não sabe quando vai funcionar (o CMEI Jayme Canet Junior, no Sítio Cercado). Foto: Felipe Rosa

Só na Regional Bairro Novo, são quatro creches prontas que estão de portas fechadas. Além do CMEI Jayme Canet Junior, as unidades Pedro Claiton Pelanda e Ivo Arzua Pereira, também no Sítio Cercado, e a Jornalista Mussa José Assis, no bairro Ganchinho, foram inauguradas no ano passado, ainda na gestão Gustavo Fruet, mas ainda não estão funcionando.

O funileiro Ricardo Fernandes Alves, 42, também enfrenta o mesmo drama. Ele aguarda uma vaga para a filha de 8 meses. “É complicado. Minha esposa trabalha, eu trabalho por conta. Às vezes deixo serviço pra atender minha neném. A gente fica esperando, esperando e acaba atrapalhando o andar do nosso serviço”, explica. Ele já fez a inscrição há 3 meses e até agora não teve resposta. “Eles só falam que até o segundo trimestre vai abrir, e vão enrolando”, opina.

Ricardo precisa largar o serviço para atender sua bebê: só enrolação. Foto: Felipe Rosa
Ricardo precisa largar o serviço para atender sua bebê: só enrolação. Foto: Felipe Rosa

500 crianças na expectativa

De acordo com a líder comunitária Iraci Paula de Almeida, 62, cerca de 500 crianças esperam uma vaga nos quatro CMEIs na Regional Bairro Novo. “Elas estão aguardando e estão ansiosas para que estas vagas sejam abertas. Tem muitas mães que trabalham e estão com dificuldades. Tem pessoas que recebem um, dois salários, e estão pagando uma creche particular”, conta.

Para os pais que estão aguardando as vagas, o problema é o que fazer com os filhos enquanto os CMEIs não iniciam as atividades. “Eu não tenho condições de pagar. Se eu pudesse pagar, eu pagava uma escola particular. É isso que eles não entendem”, diz Alessandra. Ricardo não acredita mais nas promessas. “Vai chegar agosto e vão falar que é só pro ano que vem. Acho que isso é só pra ganhar voto”, desabafa.

Iraci: gente que ganha até 2 salários está pagando creche particular. Foto: Felipe Rosa
Iraci: gente que ganha até 2 salários está pagando creche particular. Foto: Felipe Rosa

Solução nas mãos da Câmara

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), cerca de 9 mil crianças estão aguardando vagas em CMEIs em Curitiba. No total, são 206 unidades em funcionamento. Há cinco que foram inauguradas, mas funcionam parcialmente, outras cinco em obras e uma unidade que está com as obras paradas. De acordo com a SME, a gestão Fruet inaugurou 12 CMEIs, que não estão funcionando porque não houve previsão de contratação de servidores. Além das quatro creches prontas e fechadas na Regional Bairro Novo, há outras quatro nesta situação na Regional Tatuquara, duas na CIC, uma na Portão e uma na Santa Felicidade.

A Prefeitura de Curitiba pretende chamar novos servidores, que foram aprovados em concurso público, após a aprovação do Plano de Recuperação de Curitiba que está em discussão na Câmara Municipal. Quando todos os CMEIs estiverem funcionando, mais de duas mil crianças serão atendidas. As unidades que estão em obras garantirão 966 novas vagas. Os cinco CMEIs inaugurados que funcionam parcialmente têm 816 vagas, mas estão atendendo a 372 crianças.

Abertura dos CMEIs depende de aprovação do plano de recuperação pela Câmara. Foto: Felipe Rosa
Abertura dos CMEIs depende de aprovação do plano de recuperação pela Câmara. Foto: Felipe Rosa
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