Há dez anos, quem caminhava pela Rua Filósofo Humberto Roden, no Sítio Cercado, acelerava o passo e ficava com os olhos muito atentos para qualquer situação de risco que pudesse surgir. Isso porque o mato alto e a falta de movimento na região davam oportunidade aos malandros de plantão, coisa que mudou desde que a Associação de Moradores, Esporte e Lazer do Bairro Novo passou a ocupar a região e a realizar diariamente atividades voltadas à comunidade, principalmente aos aposentados.
Tudo começou quando Varlei Alberto Befster observava curioso um senhor que costumava praticar o jogo da malha sozinho, de maneira improvisada. “Sempre que ia trabalhar assistia esse homem que ficava tentando derrubar um pedaço de madeira no chão. Achei interessante e ficamos amigos. Com o passar do tempo, todos que passavam pela região também queriam saber do que se tratava”, lembra Varlei, que se tornou o presidente da associação.
Foi em 2006 que ele mesmo decidiu ir atrás de recursos junto à administração regional do Bairro Novo para sugerir que o espeço ocioso, que fica ao lado do Centro Médico Comunitário da região, passasse a ter utilidade para a população. O que começou apenas com uma amizade se transformou numa corrente que reúne mais de cem pessoas nos torneios regulares que ocorrem no local. “Naquela época pedi à prefeitura para que limpasse o terreno. Constituímos uma associação e com ajuda da prefeitura e dos moradores construímos este espaço. Cada um ajudava com o que sabia e até hoje é assim”, conta.
Mesmo sem nenhuma mensalidade, o presidente se orgulha da mobilização dos próprios associados. “Não tem custo algum ser associado, o pessoal contribui porque gosta de fazer um churrasco todo primeiro sábado do mês. Mas através da associação, além de oferecermos esse espaço, que é muito utilizado pelos aposentados da região, também oferecemos ajuda quando alguém precisa, através de campanhas e arrecadação. Até um banheiro público conseguimos para região”, comemora.
Ponto de encontro
Mesmo morando ao lado um dos outros, e se vendo quase todos os dias, ainda muitos moradores não se conheciam. “Depois que passamos a vir aqui entramos mais em contato com o pessoal da região e ficamos amigos. Se não tivesse esse espaço para nos reunirmos, provavelmente ficaria em casa. Outros iriam para o bar”, brinca o aposentado Salvino Ubiratan Antônio de Barros, 58 anos.
Apesar do truco ser mais jogado, todos aguardam pelo final de semana, quando ocorrem as competições do jogo da malha. “No começo todos ficavam curiosos para ver como se jogava essa tal de malha. Hoje, todos já conhecem, apenas lançamos um disco sobre uma pista coberta de quirela de milho, pra que o disco deslize. Quem derrubar o toco de madeira ganha”, explica o presidente da associação.
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