Um morador para, compra uma pamonha e aproveita para comentar sobre o calor. A vendedora concorda: “Olha como estou bronzeada”, diz, mostrando os braços. “Pamonha é uma coisa que não entendo. Pode estar frio, pode estar quente, vende bem do mesmo jeito”, conta Lina Lopes, 65 anos. Com seu carrinho, ela bate ponto na esquina das ruas Contenda e Izaac Ferreira da Cruz, no Sítio Cercado, há nove anos, vendendo milho cozido, pamonha, espetinho de morango com chocolate, quebra-queixo e coquinho.
Os quitutes agradam a freguesia, mas o que conquista mesmo é a simpatia de Lina, sempre disposta a trocar um dedo de prosa. “Não fico sozinha nunca. Tem gente que às vezes não compra nada, para só pra conversar e fica horas. Outros vêm e dizem: ‘agora não vou levar nada, vim só desejar um bom dia pra senhora’. Isso me alegra demais”, declara a vendedora.
Empreendedora
Há quase uma década, Lina se sentiu entediada de ficar no bar do marido e quis ter o próprio negócio. Contou a ele sobre a ideia do carrinho de milho. O homem não gostou da história, mas ela não deu bola. “Falei pros meus filhos: ‘Vou trabalhar fora, estou entrando em depressão’. Eles me apoiaram”. O marido, sem remédio, teve que aceitar. “Ele fecha o bar e vem ficar um pouco aqui comigo”, ri a vendedora, que curou tristeza, arranjou uma fonte de renda e ainda fez amigos.
Nascida em Salto do Itararé, no Norte do Paraná, Lina se mudou para o Sítio Cercado há 40 anos. “Quando cheguei aqui, tinha oito casas e um mercado. Vi esse bairro crescer. No sábado fica mais movimentado que o Centro”, relata.
Negócios
No frio, o milho cozido é o carro-chefe. “No inverno, cheguei a vender 150 espigas por dia. Pamonha vendo uma média de 30, mas se é começo de mês e está fresco, saem umas 60”, contabiliza. Apesar da simpatia de Lina, a crise afetou sua clientela: “Tem dois meses que senti o movimento cair. Todo mundo chora um desconto, outros não levam porque não têm dinheiro mesmo”.
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