Integrando a rota dos cartões-postais de Curitiba, o Parque São Lourenço também entrou para o mapa das obras com problemas da cidade. Na área reservada ao estacionamento de veículos, localizada na Rua José Brusamolin, o material retirado do Rio Belém ainda ocupa o local. Pior, a obra caminha para um semestre de atraso e, mesmo antes da sua conclusão plena, ou seja, livre de entulhos ao redor, já apresenta trechos do rio completamente assoreados. Tanto que os patos e marrecos, que vivem na região, conseguem flutuar nas águas somente após caminharem sobre metros de sedimentos.
O corretor de imóveis Rosivaldo Paulo de Souza conta que há oito anos pratica exercícios no parque e que sua disposição supera a falta de atenção ao local. “No domingo é uma dificuldade encontrar lugar. Além disso, o trecho perto da represa está com os tapumes apodrecidos, fruto da demora na remoção desse lodo”, atesta. Outra frequentadora, a assistente administrativa Sueli Paulina Nadolny diz temer que a situação se agrave com as chuvas fortes. “A coisa mais gostosa da vida é vir caminhar pela manhã no parque, mas esses resíduos já viraram lixo e isso não combina com a paisagem daqui. Fora o risco das chuvas fortes trazerem todo esse material para o rio”, avalia.
O secretário do Meio Ambiente de Curitiba, Renato Lima, explica que somente em novembro foi liberado o descarte do material. “Pegamos a obra paralisada, mas devido aos trâmites e processos exigidos pelo governo federal, que financia a obra, somente em novembro conseguimos mudar para a etapa do descarte”, explica, dizendo desconhecer o prazo original da entrega da obra.
Segundo ele, o trabalho de retirada já começou e, de segunda a sexta-feira, entre dez e vinte caminhões retiram o material que é levado para reciclagem no Horto Municipal do Barreirinha. “Ao invés de mandar para aterros, estamos reaproveitando esse material para o ajardinamento da cidade”, explica. Pelos cálculos do secretário, os 3,5 mil metros quadrados de resíduos retirados do Rio Belém devem ser retirados por aproximadamente 500 caminhões. “Já foram 300. A previsão é de que até 15 de fevereiro esteja concluída a remoção e toda a parte de repavimentação do estacionamento e reposição da grama”, explica.
Um dos guardadores de carros do parque, que prefere não ser identificado, diz que torce para que isso realmente ocorra. “Antes, cabiam 120 carros. Depois da obra meu faturamento caiu pela metade, já que inutilizaram um espaço considerável e ainda preciso correr de cima para baixo para atender os carros espalhados nas vagas improvisadas”, destaca.
Assoreamento
Quanto aos trechos assoreados, Renato reconhece que o “rio devolve a areia retirada”. Mas ele afirma que tão logo se conclua essa etapa, a prefeitura vai financiar com recursos próprios do orçamento de gestão dos parques uma ação de melhoria na caixa de contenção. “A ideia é reter mais resíduos na caixa de contenção a fim de que a represa receba menos sedimentos”.