Desordem na saúde

Com muitas dores, Nilton Vicente, 61 anos, decidiu procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, para realizar a consulta emergencial que necessitava nesta segunda-feira (20). No entanto, em mais de sete horas de espera, o morador do bairro Iná não recebeu atendimento. “A situação está um caos. O local está lotado, não tem agendamento e todos precisam passar o dia esperando. Eu cheguei 9h, mas já é 16h e ainda não está nem perto de eu ser chamado”, disse.

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Emília reclama da demora no atendimento.

Assim como ele, a moradora Emília Regina de Jesus dos Santos, 27, também cansou de esperar na UPA Afonso Pena. “Eu trouxe minha sobrinha para receber atendimento, mas está muito demorado. Pra você ter ideia, estamos sem café da manhã e sem almoço. Isso é um descaso imenso com todos os usuários que estão aqui. Nós pagamos nossos impostos e merecemos o mínimo, que é a saúde”, afirmou.

A jovem Ana Clara concorda. Moradora do bairro Afonso Pena, ela decidiu se consultar na UPA porque é perto de sua casa e não seria necessário gastar com transporte. “Estou desempregada e sem dinheiro para atravessar a cidade. Então, vim aqui”, conta. Só que ela não imaginava que teria que enfrentar seis horas de espera para conseguir a consulta. “Eu sou nova e já fiquei muito mal por ter que esperar tudo isso. Imaginem, então, a senhora de 90 anos que estava chorando e tremendo perto de mim enquanto esperava. Isso é um absurdo e precisa terminar”, solicita, indignada.

Emergências primeiro

Foto: Átila Alberti
Foto: Átila Alberti

De acordo com uma funcionária que não quis se identificar, o maior fluxo de pacientes durante a semana acontece sempre na segunda-feira, o que faz com que o tempo de espera comum nesse dia seja de aproximadamente duas horas. No entanto, esse tempo pode aumentar ainda mais de acordo com o número de emergências atendidas. “Como nosso foco são atendimentos emergenciais, tem dia que aparecem muitos casos, e hoje foi um desses dias. Por isso, quem está sofrendo um infarto ou sofreu um trauma é atendido antes daquele que está com dor de estômago, por exemplo”, explicou.

Emília sabe disso, mas não admite que sua sobrinha e as outras centenas de pacientes fiquem sem atendimento. “Se aqui não podem nos atender, então precisam mostrar outro lugar perto da nossa casa em que ofereçam essa consulta de urgência porque quem está com dor não pode esperar dias e até meses por uma consulta agendada”, pede a moradora do Jardim Independência.

Procure a UBS

Foto: Átila Alberti
Foto: Átila Alberti

Ainda segundo a funcionária da UPA, é possível receber atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) localizadas nos bairros da cidade, que atendem consultas agendadas e também uma cota diária de emergências.

De acordo com a Secretaria de Saúde de São José dos Pinhais, o conselho é que os pacientes procurem diretamente essas unidades, pois as UPAs são destinadas para urgências e emergências, ou seja, com risco de vida ao paciente. “Cerca de 80% dos atendimentos das UPAs são de pacientes que poderiam ter se dirigido a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para atendimento de casos como queda de cabelo, aferição de pressão, dor crônica, entre outras”, informou, em nota.

Para isso, a secretaria informa que está passando por uma reestruturação para oferecer mais consultas extras nas UBSs, que atualmente atende consultas agendadas e também casos que precisem de atendimento imediato, mas sem risco de morte.

Quando isso acontecer, o número de pacientes aguardando atendimento na UPA Afonso Pena poderá diminuir já que, somente das 7h às 17h desta segunda-feira mais de 320 pessoas procuraram atendimento ali.

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