Desde dezembro, quando a linha de transporte coletivo Xingu-Curitiba, da Viação São José, foi extinta, os usuários da rota Quississana-Curitiba sofrem com o excesso de passageiros. Moradores dos bairros Quississana, Costeira, Xingu e Jardim Cruzeiro, em São José dos Pinhais, que pegavam a linha Xingu tiveram de migrar para a Quississana. O resultado foi a superlotação, já que a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) retirou um itinerário, mas não pôs mais ônibus no outro.
No Terminal do Guadalupe, todos os passageiros entrevistados pela Tribuna manifestaram insatisfação por pagar R$ 4 por uma viagem apinhada de gente. A diarista Ana Rosa Prestes, 52, mora em São José dos Pinhais e trabalha no centro da capital. “Só tem uma linha pra fazer todos esses bairros. Tiraram o Xingu e não aumentaram o Quississana. Todo dia venho em pé, mas na volta já estou cansada e prefiro esperar mais de meia hora até vir outro ônibus pra conseguir ir sentada”. Segundo ela, a situação estava crítica desde dezembro, mas piorou com a volta às aulas.
Sua filha, a estudante Andressa Bober, 21, diz que a superlotação no Quississana não ocorre somente em horários de pico. “Geralmente, pego lá pelas 12h30, e está cheio do mesmo jeito, além de estar sempre atrasado. Dá cinquenta minutos, isso quando não tem trânsito”, conta.
“Não tem condições, é muito cheio mesmo. E não é só de manhã, a hora que for, o povo vai tudo espremido”, relata a cozinheira Andreia Aparecida Moreira, 42, usuária diária da linha. A servidora federal Clarice Ribeiro, 64, sobe no ônibus na Avenida das Torres, na volta para São José dos Pinhais. “Já chega cheinho. Nem consigo me aproximar dos bancos para que alguém me ceda o lugar”, diz. Até dezembro, ela tinha duas opções de ônibus para se deslocar de casa para o trabalho: Xingu e Quississana. “Os dois me serviam. Agora só tem o Quississana, que é esse transtorno”.
Comec promete melhoria
Procurada pela reportagem, a Viação São José afirmou que a Comec se manifestaria sobre o tema. Já a Comec, gestora do transporte coletivo metropolitano, se limitou a informar que o problema da demanda da linha Quississana já está sendo analisado e que nesta semana deve ser apresentada uma proposta de melhora de atendimento para os usuários. A retirada da linha Xingu fez parte de mudanças implementadas no fim do ano passado para “racionalizar o sistema de transporte coletivo metropolitano”, e, antes da alteração, usuários já reclamavam da lotação do Quississana, como a Tribuna mostrou em setembro.