Caminhos secretos

A ideia de desvendar caminhos secretos fascina a imaginação coletiva e alimenta conversas das rodas de amigos. Não são poucas as histórias de túneis secretos escondidos sob as ruas das cidades construídos pela Igreja Católica Brasil afora. Uma dessas histórias intriga até hoje os moradores de São José dos Pinhais.

São várias versões sobre esse caminho oculto, mas a mais comum seria um túnel que liga a Igreja Matriz ao antigo Colégio São José, gerenciado pelas freiras, onde hoje está o Shopping São José. O que provaria a existência de tal caminho oculto é um buraco no chão da sacristia da catedral, preservado até hoje.

Há quem diga que, quando foram feitas as escavações pra construção da agência da Caixa Econômica Federal, ao lado da igreja, há quatro décadas, os operários relataram ter encontrados vestígios do que poderia ter sido esse túnel. Mas ninguém que ouviu os relatos chegou a ver o tal caminho secreto. E também não há quem saiba explicar qual a função de tal rota. Em outros locais do país – em que as rotas também não foram comprovadas, como São Borja (RS) e Olinda (PE) -, especula-se que os túneis secretos saindo das igrejas seriam pra fuga em caso de ataques ou câmaras mortuárias. O costume teria sido trazido da Europa, no Século 17 (anos 1600).

Só um poço

O padre Aleixo Souza, pároco da catedral, tem outra explicação, menos poética, pra origem da fenda de cerca de 80 centímetros de diâmetro: “No período colonial, quando a primeira igreja foi construída, o local era um poço seco. Não havia água encanada ou rede de esgoto e ali era onde os padres lavavam as alfaias, os panos cerimoniais, que entravam em contato com o corpo e o sangue de Cristo, que são sagrados. O que se sabe sobre túnel, é lenda, crendice do povo”, diz.

Pra historiadora são-joseense Maria Angélica Marochi, é pouco provável que a existência do túnel seja real. “Também dizem que a rota seria até a Casa Paroquial, mas ela era pro lado esquerdo da Catedral, não condiz com as indicações dos relatos. E ela só passa a existir no século 20, quando já não era mais um costume da Igreja Católica construir esse tipo de recurso”, explica.

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Adriana Brum

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