As péssimas condições das ruas da Vila São Judas Tadeu, em São José dos Pinhais, mantêm a dona de casa cadeirante Nécile Fermino, 33 anos, presa em sua residência. Por causa dos buracos e da lama no bairro, que não é pavimentado, ela tem extrema dificuldade de se locomover com a cadeira de rodas sozinha. Os resultados: Nécile fica ilhada em casa e não pode trabalhar, depende do marido para fazer compras e até para ir ao orelhão e precisa pagar condução escolar para seu filho de 10 anos.
Além de impedir sua mobilidade, a buraqueira ainda desgasta a cadeira de rodas, encurtando sua vida útil. ‘Esta aqui tem só três anos, e já está ruim. Nem vale a pena investir numa cadeira boa, a rua estraga tudo‘, diz Nécile, que mora na Rua Antônio Leandro de Souza, paralela à BR-277. Ela conta que há outra moradora cadeirante na vila, que também sofre com a falta de asfalto.
Certo dia, Nécile precisou fazer uma ligação e saiu de casa sozinha para ir até o telefone público. No meio do caminho, ao tentar subir uma elevação, a cadeira de rodas tombou. ‘Fiquei caída, gritando, até que veio um carroceiro e me juntou do chão.‘ O ponto de ônibus mais próximo fica a cerca de 500 metros de sua residência. Mas, para chegar até lá, Nécile tem vários obstáculos: buracos, mudanças de nível e degraus. Isso faz com que ela não possa trabalhar: ‘Já fui operadora de caixa de supermercado. Se eu tivesse condição de me locomover, eu poderia trazer dinheiro para casa‘, argumenta. A falta de creche por perto também impossibilita seu retorno ao mercado de trabalho, já que ela tem uma filha de dois meses.
Outros problemas
A ausência de estrutura e de oferta de serviços na vila deixa o dia a dia de Nécile ainda mais penoso. A rua onde mora sequer aparece no mapa e não é coberta pela distribuição dos Correios. O mau cheiro denuncia o saneamento básico precário. ‘A gente se sente abandonado. Aqui todo mundo também vota, por que as melhorias não chegam?‘, indaga.
De acordo com a prefeitura de São José dos Pinhais, estão sendo feitos reparos nas vias do São Judas Tadeu há duas semanas, com operação de tapa-buracos. ‘É possível que a rua em questão já esteja recuperada. A rua marginal à BR-277 é de responsabilidade de manutenção da Ecovia‘, informou a administração municipal.
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