Trabalho é o que não falta no Ateliê Criação, comandado pela arte-educadora Marcia Miranda, 44, no bairro São João. Em funcionamento há 14 anos, o espaço oferece mais do que simples aulas de arte. Ele disponibiliza ferramentas a quem muitas vezes não têm oportunidade de mostrar seu talento.
O ateliê recebe pessoas com deficiência mental leve ou moderada, que participam de oficinas sobre diversas técnicas artísticas, como pintura, modelagem e mosaico, entre outras. A iniciativa surgiu da experiência de Marcia com a educação especial. Ela decidiu apostar no espaço ao perceber que seria possível conquistar resultados com os alunos que vão além de um simples passatempo.
“Aqui é um espaço de oportunidades, de possibilidades de desenvolvimento. A arte possibilita muita coisa além do lápis, papel e canetinha”, diz Marcia. E o resultado não demorou a aparecer. Cada um dos participantes do grupo têm histórias de superação e muitos são acompanhados há anos.
Além da produção artística, a arte-educadora acredita que a convivência coletiva entre os alunos também possibilita melhorias na qualidade de vida deles, já que em muitos casos as famílias preferem manter as pessoas com deficiência isoladas. “Tudo muda”, garante.
Movimento
Além das atividades artísticas, os alunos também participam de aulas de capoeira e ginástica, para alternar entre os momentos em que ficam sentados enquanto produzem. “Eles se apaixonaram e é muito bom estimular o olhar, a ginga”, comenta Marcia.
Para participar das oficinas, os alunos precisam pagar mensalidade. É possível frequentar o ateliê em meio período ou período integral.
De família
Assim como a vida de seus alunos, a vida de Marcia também mudou. Ela encontrou uma nova atividade profissional e reuniu a família no trabalho. Sua mãe é responsável por preparar o almoço dos participantes e sua irmã, Josines Miranda, faz parte da equipe de professoras. “Comecei na educação especial por acaso e me apaixonei. Não consigo pensar em fazer outra coisa da minha vida”, revela Marcia. “É um trabalho especial e é emocionante ver o quanto eles são verdadeiros. Eles não têm limitação, é preciso apenas dar oportunidades para fazer. O trabalho é verdadeiro e com muita alegria”, comenta Josi, emocionada.
Valorização
O resultado do trabalho se transforma em obras de arte que são comercializadas e a renda é dividida entre os artistas e o ateliê. Metade do valor arrecadado com a venda dos quadros, acessórios e objetos decorativos, é entregue aos alunos que produziram a peça e outra metade é destinado à manutenção do próprio ateliê, como a compra de materiais.
Marcia conta que este modelo de trabalho é uma forma de valorizar o trabalho dos alunos. “Veio da minha bronca das escolas especiais. Eu via os alunos produzindo, mas nunca recebiam pelo trabalho. Todo o dinheiro da produção vai para as escolas”, conta. Com a comissão, os alunos desenvolvem também sua relação com o dinheiro. “Eles passam a lidar com o dinheiro e cada um faz seus planos”.
Serviço
Ateliê Criação
www.ateliecriacao.com.br
Fone: 3297-1913