Pedalada salvadora

O primeiro cigarro, Luci Teresinha Gerber tragou quando tinha 10 anos. Ah, se a menina soubesse que seriam 40 anos que resultariam, aos 50 anos, em um encontro muito próximo com a morte. Felizmente, a aposentada venceu.

“Pensa no tamanho da minha força de vontade. Quando fumava, o vício era tão forte que, quando o preço do cigarro subia muito, ia para o Paraguai para comprar mais barato. E quando me falaram que a única chance era parar, a vontade de viver foi maior que a força do vício”, conta, hoje aos 63 anos, a moradora do Residencial Buriti, no Santa Quitéria.

Luci fumava desde os 10 anos e só parou depois de um susto. Foto: Ciciro Back.
Luci fumava desde os 10 anos e só parou depois de um susto. Foto: Ciciro Back.

A fórmula da vitória foi, além da força de vontade, ter encontrado quem lhe desse um ultimato e a bicicleta. Tudo começou há 13 anos, ao voltar de uma viagem ao Rio de Janeiro, quando começou a sentir fortes dores no peito e asfixia. Ao chegar ao posto de saúde, foi encaminhada ao hospital. O diagnóstico: efizema pulmonar.

Contra a parede

Luci: Ou você para de fumar, ou você morre. Foto: Ciciro Back.
Luci: Ou você para de fumar, ou você morre. Foto: Ciciro Back.

“A médica me disse: ou você para de fumar ou você morre”. Nunca mais colocou um cigarro na boca. Ainda precisou de pelo menos um mês de tratamento com medicamentos e apoio de um cilindro de oxigênio. “Sem contar as dores no peito, nas costas. Não podia receber um abraço”, lembra.

Então, relembrou o gosto por pedalar. Até os 50 anos, usava a bicicleta apenas para se deslocar, sem periodicidade. Agora, só não veste capacete, luvas e os sapatos de borracha se o clima a proíbe. Ela conta que as subidas íngremes da região não são problema. Ao contrário: cada vez que consegue completar uma delas, é uma nova conquista.

Recuperação

Outros hábitos adotados que ajudaram na recuperação foram ocupar o tempo ocioso com artesanato Luci gosta de ornar madeira, talhando nomes ou com pirografia e arrecadando material reciclável que, a cada 15 dias troca por alimentos no programa Câmbio Verde, da prefeitura. Na última troca, carregou 60 quilos de recicláveis em um carrinho de mão e voltou para casa com 15 quilos de legumes.

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