Quem mora em Santa Felicidade, em Curitiba, convive com obras desde março do ano passado e voltar para casa não está fácil por conta da falta de sinalização, trânsito e muita imprudência de alguns motoristas. Para quem é comerciante, é ainda pior, isso porque as vagas para veículos, que antes facilitavam a vida de clientes, foram reduzidas durante esse período de obras. As revitalizações, de 3,2 quilômetros, são feitas no trecho entre a Rua Madre Clélia Merloni até o Contorno Norte (PR-418).
“Eu perdi muito cliente. A minha sorte é que tenho um estacionamento aqui, mas muitos clientes novos preferem ir em outras lojas, porque não querem ’dor de cabeça’ para sair daqui. Minha renda foi bem menor neste ano, esperamos que termine logo”, contou um comerciante que há quatro anos tem um estabelecimento na avenida.
Por conta das diversas reclamações de moradores e comerciantes, a Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba e descobriu que a previsão inicial para conclusão das obras de revitalização da Avenida Manoel Ribas era dezembro de 2018, no entanto, o ritmo das obras foi acelerado e a entrega deve ser feita no primeiro semestre de 2018.
O projeto inclui novo pavimento, calçadas com rampas de acesso para cadeirantes, iluminação, ciclovia, além de drenagem e paisagismo, com o plantio de 400 espécies nativas de árvores. No total, o investimento é de R$ 20 milhões, uma parceria da Prefeitura com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), como parte do Programa Integrado de Desenvolvimento Social e Urbano, o Pró-Cidades. Deste total, R$ 13 milhões são de recursos próprios do município e R$ 7 milhões do BID.
“Eu espero que fique bonito e organizado, porque não está fácil. Tenho comércio aqui há 30 anos e espero muito ver esse lugar belo e valorizado, como sempre foi. Espero que a obra seja realmente entregue antes”, contou uma comerciante após saber da nova data de entrega.
Só transtorno
Apesar da boa notícia para quem passa pela avenida, a história é bem diferente na Rua João Todeschini, rua paralela a Avenida Manoel Ribas. Por lá, os moradores não aguentam mais trechos bloqueados, pó dentro de casa, falta de gente trabalhando e, mesmo sem asfalto em parte da via, diversos carros passando em alta velocidade. Basta ficar alguns minutos na rua para flagrar motoristas imprudentes, pedestres andando no meio da rua e falta de sinalização.
De acordo com moradores, que não querem se identificar, os trabalhadores ficam dias sem trabalhar e, quando aparecem, são poucos funcionários, o que não resolve o problema.
“Infelizmente eu não vejo mais ninguém trabalhando aqui. Eu via uns meninos trabalhando, sempre simpáticos, mas em pouca quantidade. Assim, fica difícil. A rua fica bloqueada diversas vezes, o que faz muita gente dar a volta em cima de nossas calçadas. Além disso, a rua precisa de sinalização, os carros passam em altíssima velocidade. Quero que a rua volte a ser como antes e mais, quero lombada aqui. Vocês acham normal carro passando por aqui a mais de 60km por hora? Eu não”, desabafou um morador que há 15 anos mora no local.
Outro morador conta que já ligou diversas vezes na prefeitura e que nunca houve resposta sobre a finalização das obras, sinalização e falta de iluminação. Assim como os vizinhos, ele alega que além das obras que “pararam de andar”, ainda tem gente que passa em alta velocidade na via.
“Essas obras eu não vejo mais andar. Além disso, essa rua é bastante extensa e os motoristas ‘descem’ ela tão rapidamente, que ali no cruzamento com a Rua Ângelo Mazzarotto, faz barulho do carro ‘pulando’, já que há um desnível. Quando o assunto é obra, durante alguns dias eu tive que deixar o carro a mais de 100 metros de casa, porque ninguém avisava que a rua seria bloqueada. Eu não culpo os poucos trabalhadores, mas queria que essa ‘tortura’ terminasse logo. Me informaram que seria entregue em dezembro do ano passado”, contou.
Procurada pela Tribuna do Paraná, a Prefeitura de Curitiba informou que a obra da Rua João Todeschini é “mitigadora de um empreendimento imobiliário privado na região”. Além disso, o órgão enfatizou que a obra é executada pela empresa privada e fiscalizada pela Secretaria de Obras Públicas e que, “durante o recesso de fim de ano, o ritmo dos trabalhos diminuiu, mas deve voltar ao normal neste início de janeiro”.
No local, ainda faltam postes, ajustes nas calçadas e metade da pavimentação que ainda não foi concluída. Quanto à sinalização, a Secretária Municipal de Trânsito (Setran) também foi procurada pela reportagem e deve avaliar a situação do local nos próximos dias e enviar um posicionamento. O prazo para conclusão de poucos metros de pavimentação é final de fevereiro. Ou seja, ainda faltam dois meses. Será que é preciso tanto tempo?