Neste mês, o resgate histórico feito pela comunidade de Santa Felicidade vai ganhar reforço. A exposição “Memórias Imateriais” levará para a Avenida Manoel Ribas – a mais tradicional rua bairro – galeria a céu aberto, com imagens de manifestações culturais, das primeiras atividades econômicas e locais que desde a imigração foram referências na localidade.
Iniciativa da Associação do Comércio e Indústria de Santa Felicidade (Acisf), juntamente com a comunidade local, pretende promover e resgatar a memória da imigração italiana em Santa Felicidade. “Queremos garantir esse patrimônio cultural para as futuras gerações”, explica a presidente da entidade, Ana Moro. Serão usadas imagens do acervo da associação e também arquivos cedidos pelas famílias do bairro.
Idioma
A professora de italiano Ornella de Tomi, 55, observa na procura pelas aulas do idioma o interesse pela cultura tradicional de Santa Felicidade. “Pelo menos 70% dos alunos querem resgatar as origens. Mexe com as emoções, remete ao lugar de onde viemos”, conta ela, que nasceu na Itália e vive no Brasil desde criança.
“Por meio da língua a gente consegue resgatar muito da cultura”, diz Ornella, que se sente em casa no bairro italiano de Curitiba. “O que me encanta é a simplicidade das pessoas, o bairro tem um jeito feliz, é autêntico.
Santa Felicidade é um ponto de equilíbrio na cidade, o bairro esquenta a frieza que dizem que o curitibano tem”.
Museu pras próximas gerações
A ideia de regatar a memória da imigração italiana é antiga entre a comunidade de Santa Felicidade. Além da exposição, as famílias reivindicam a construção de um museu. Um dos maiores entusiastas da criação desse espaço é Armando Túlio, que mantém a viva a tradição italiana. Há anos ele reúne materiais usados desde a fundação do bairro, entre eles um acervo de carroças tradicionais.
“Não temos em Curitiba um local para reunir nossa cultura, como os alemães, os japoneses e os portugueses, que têm memoriais”, avalia.
“Tanta coisa está se perdendo, objetos, fotos, são centenas de peças e documentos, mas não temos um local para reunir tudo isso. É parte da história, são nossas raízes”, comenta Armando, que faz questão de conversar no dialeto vêneto quando encontra seus amigos.
Projeto
“A associação já está trabalhando na elaboração de um projeto de construção de um museu. É um projeto de bairro e tenho esperança que agora esse desejo ganhe força e se viabilize, tendo em vista, que é uma reivindicação antiga da comunidade”, comenta Ana Moro.
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