Esporte e escola têm de andar juntos. O conselho é da professora de basquete da Rua da Cidadania de Santa Felicidade, Dalila Bulcão. Aos 45 anos, pelo menos metade deles dedicados à modalidade, sua fala não tem nada de teoria: é baseada em sua história de vida. Foi aliando a dedicação em sala de aula E nas quadras que Dalila, ex-pivô da seleção brasileira, fez parte do time que, em 1994, conquistou o único título Mundial do Brasil no feminino, ao lado de Hortência, Magic Paula e Janeth.
Com o basquete, ela estudou na Universidade do Texas, onde se formou em Zootecnia. E foi por estar na universidade norte-americana, jogando pelo Lady Buffs, que conquistou os bons resultados que a levaram para a seleção brasileira. Há dez anos, Dalila dá aulas de basquete e forma jogadores a partir dos 7 anos. Ela afirma que valores do esporte podem ajudá-los na vida profissional e vice-versa. “No basquete, é nas competições escolares e universitárias que têm as maiores chances de serem vistos. E o esporte pode ser uma oportunidade, para, de repente, ganhar uma bolsa de estudos, o convite para jogar em um clube.”
Sua maior realização é ver ex-alunos se saírem bem nas quadras e fora delas. Crianças e adolescentes logo se encantam pelo prazer e dedicação que a ex-pivô de 1,87 metro de altura demonstra nas aulas. “Comecei a jogar há uns dez dias. Gosto de seguir os passos do meu irmão”, conta Thiago Santos de Lima, 7 anos, o caçula da equipe. Ele é irmão de um ex-aluno de Dalila no projeto em Santa Felicidade. “O Matheus é desses garotos que a gente torce para que vá ainda mais longe. Ele foi recentemente convocado para fazer parte do Tittãs [time bancado pelo Sest/Senat e busca patrocínios para entrar na segunda divisão do NBB (Novo Basquete Brasil)]”, relata Dalila.
Serviço
Aulas de basquete na Rua da Cidadania de Santa Felicidade Programa de Atendimento Socioesportivo (Pase) Faixa etária: 6 a 17 anos Segundas, quartas e sextas, às 9h, 10h, 14h, 15h e 16h Inscrições no local
Dois minutos de fama
Dalila foi convocada apenas para o Mundial de 94, quando tinha 19 anos e jogava pelo time da universidade. O convite veio depois de a comissão técnica ver suas excelentes estatísticas em quadra. Durante o Mundial disputado na Austrália, a paranaense jogou apenas dois minutos do primeiro jogo, contra Taiwan. Assistiu do banco a vitória brasileira sobre as norte-americanas, na semifinal, e sobre as chinesas, na decisão pelo título. “Destaco para meus alunos que a união vai fazer a força. Tive pessoas que me ajudaram, fui perseverante, fui para uma seleção recheada de estrelas e que uma única vez foi campeã do mundo”, recorda. De volta ao Brasil, logo depois do título, deixou o basquete profissional, mas nunca o esporte. “Minha vida é basquete. Com ele, tive oportunidade de estudar, de conhecer lugares do mundo, fiz amizades”, diz Dalila, que, além de professora, ainda compete na categoria master.
Estímulo de campeões
O curitibano Rolando foi o primeiro brasileiro a jogar na NBA, a liga norte-americana de basquete. Joyce foi campeã seleção feminina em 1991 do Pan-Americano de Cuba. Ao lado de Dalila, o trio lançou em 27 de junho o Instituto RDJ, que visa criar ações para desenvolver a modalidade em Curitiba. O lançamento contou com a presença do pivô da seleção brasileira e do San Antonio Spurs (da NBA) Tiago Splitter, um dos apoiadores do projeto, que veio a Curitiba para uma dar uma clínica de basquete para os alunos das escolas da modalidade na cidade. O Instituto RDJ pretende encontrar outros apoiadores e patrocinadores para viabilizar ações que ampliem o desenvolvimento de atletas e equipes em Curitiba.