Agitado, o garçom Ulisses Oliveiro Prado, de 57 anos, chegou à Avenida Manoel Ribas, na altura do Restaurante Dom Antônio, para participar de sua 17ª corrida dos garçons. Em meio aos concorrentes, que estavam igualmente empolgados antes de participar, o “atleta” observava o trajeto de pouco mais de 300 metros e se alongava para evitar possíveis lesões. “Já venci 16 vezes. Oito quando a corrida ainda era no calçadão da Rua XV de Novembro e a outra metade aqui em Santa Felicidade”, disse orgulhoso.

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Ulisses era um dos 200 participantes da 12ª edição da Corrida dos Garçons, que aconteceu ontem no tradicional bairro italiano da capital. Nos anos 90, a prova era disputada na Boca Maldita, mas no início da década passou para Santa Felicidade. “Aqui é um pouco mais difícil que na Rua XV de Novembro, pois os paralelepípedos oferecem pouca estabilidade. No Centro o piso era mais estável”, comparou.

Garçom no Restaurante Tortuga há 36 anos, Ulisses é um expert quando o assunto é a corrida da categoria. Por ter vencido uma porção de vezes a competição, ele afirma que para tudo sair dentro da mais perfeita ordem, é preciso fazer uma análise profunda das circunstâncias da prova. “Olho no olho de cada adversário para saber qual o estado de espírito deles. Só no olhar, você percebe se o cara está confiante ou se está nervoso. Também observo as condições meteorológicas. Hoje (ontem) o tempo está bom, mas o vento está um pouco forte. Então preciso dar atenção ao equilíbrio da bandeja”, explicou.

Molhar a toalha da bandeja é outro truque adotado por Ulisses. “Dá um pouco mais de firmeza”, contou o garçom, que precisou completar os 300 metros de percurso sem deixar cair uma garrafa de cerveja, uma garrafinha e um copo de água. “Tem que alinhar velocidade e equilíbrio. E não olhar muito por lado pra ver onde está o adversário. Tem que estar focado”, ressaltou ele, que garantiu mais uma fez o título de campeão na categoria acima de 40 anos. Na categoria dos mais jovens, o vencedor foi Rafael Rimoli, do Restaurante Madalosso.

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Novata na área

Se por um lado Ulisses esbanjava técnica, habilidade e confiança, do outro a novata Ana Paula Machado demonstrava cautela. Garçonete há cerca de um ano, ela participou pela primeira vez da Corrida dos Garçons. “O pessoal do trabalho botou pilha e achei a ideia interessante. Então me inscrevi”, contou Ana, que trabalha no Restaurante Dom Antônio.

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Segundo a garçonete, houve muito treino antes da competição. “Quando soube que era no paralelepípedo, tive que partir para a prática. Durante uma semana, juntos com outros colegas, treinei bastante para me adaptar. No trabalho o piso é reto e fica mais fácil. Aqui é diferente. Essa pedras podem desiquilibrar e aí já era”, afirma.

Apesar de um pouco apreensiva, Ana conseguiu chegar na terceira colocação na prova em que participou. “É um evento muito bacana e tradicional. Além disse, reúne os colegas do trabalho e de outros restaurantes. É uma confraternização bonita que não pode parar novamente”, disse a garçonete, se referindo aos anos de 2012 e 2013, quando a corrida não aconteceu por falta de patrocínio. “Felizmente nesse aconteceu e espero que não pare mais”, conclui.

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