“Ficou bom, mas agora falta acabar”. É assim que o aposentado Athayde Carlo da Silveira, 81 anos, define a atual situação do Terminal Santa Cândida, que durante mais de quatro anos passou por obras na reforma de ampliação e melhorias de sua estrutura. Iniciada em 2012, a restruturação integrava o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e era prometida como um dos legados da Copa de 2014. Após diversos adiamentos na data de entrega, a primeira etapa da revitalização foi entregue em fevereiro de 2016. Desde então, os ônibus, que estavam concentrados em uma ala, ocupam as três plataformas do terminal, ampliado de 8,6 mil para 12,6 mil metros quadrados. Só que as melhorias nas instalações ainda não foram totalmente concluídas.
“A parte de baixo não está pronta. Faltam as lojas, como uma banquinha de revistas. Não temos nem onde comprar uma água. E ainda chove dentro, pelas emendas do telhado. Eu gostei do novo terminal, acho mesmo que ficou bom, mas ainda não está tudo pronto”, completa Athayde, que vive no bairro e quase todos os dias pega ônibus no local.
Moradora do Bairro Alto, a dona de casa Elivete Santana, 48, utiliza o terminal sempre que visita sua irmã ou amigos na região. “Venho de vez em quando, e acho que depois da reforma, o terminal melhorou bastante, antes era tudo desorganizado. Agora tem até um sacolão, que é muito bom e barato, sempre compro aqui. Mas sinto falta de uma lanchonete”, revela.
“Moro aqui faz pouco tempo, não peguei as obras e a fase de transição, mas acho que o terminal ficou bom. Lembro de vir aqui quando criança e de encontrar vários comércios. Eles poderiam voltar para cá”, opina a professora Haryanne Andreatta, 25. Para outro o aposentado Pedro da Silva, 70, a avaliação também é positiva. “Está tudo limpinho, conservado e até os banheiros são ótimos”, aponta.
Sem comércio
Solicitadas pelos usuários, as novas lojas têm um local definido, um espaço já construído, mas que ainda precisa de acabamentos, como a Tribuna verificou quando esteve no terminal. O setor de comércio e serviços deve ocupar o subsolo, na galeria de acesso aos pedestres, que interliga as três plataformas do terminal. Neste espaço serão instaladas cerca de 10 novas lojas, além de banheiros, sala de vigilância e um elevador, que garantirá acesso a quem utiliza cadeiras de rodas ou tem dificuldades de locomoção.
Para o comerciante Auri Willms, 53, que junto com sua família mantinha antes da reforma, três lojas no terminal, permanece a esperança de poder retornar ao local para trabalhar, desta vez, em uma das novas lojas. “A gente está lutando para isso, mas mexer com a prefeitura é complicado. Eu perdi a loja, depois montei outra fora, que não deu certo. A gente tinha contrato, tudo certinho, era uma loja de sapatos cuidada por minha esposa, a banquinha por meu filho e eu ficava no mercadinho. Mas antes da Copa, nos retiraram de lá. Trabalhei mais de 21 anos neste terminal, hoje ajudo meu irmão e tenho dívidas, perdi a renda da minha família. Sei que as mais de dez famílias que tinham lojas no terminal desejam voltar. No total, cerca de 50 famílias eram empregadas ali”, desabafa.
Promessa de licitação
De acordo com a Prefeitura de Curitiba, a gestão anterior encerrou o contrato com a empresa que havia ganhado a licitação. A obra ficou inacabada na parte do subsolo, onde ficará o comércio. Ainda segundo a prefeitura, a Secretaria Municipal de Obras Públicas e o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) estão finalizando detalhes da licitação para concluir a obra, incluindo a plataforma do Ligeirão, que também está inacabada.
“A expectativa é de que até o fim do ano seja tudo concluído. Os contratos com os comerciantes antigos foram encerrados e se quiserem retornar terão de participar da licitação”. Quanto ao telhado, segundo a administração municipal, “não é chuva, é a condensação (aquecimento, seguido do resfriamento do telhado) que acaba gotejando. Não é problema na obra”, informa a administração municipal.
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