Acostumado a se adaptar às situações adversas, o aposentado Pedro Pilar, 59 anos, enfrenta todos os dias a mudança constante da Rua Marcialiano Ferreira dos Santos, que fica em frente a sua casa. Ela faz parte de um conjunto de ruas esquecidas no Santa Cândida, que permanecem sem asfalto e destoam da situação das demais vias do entorno.
Há cinco anos, Pedro perdeu uma perna devido à complicação no tratamento da diabetes e passou a utilizar uma cadeira de rodas. Devido às condições precárias da rua onde mora, o aposentado já desembolsou R$ 21 mil na compra de três cadeiras. ‘É complicado demais, pois para tratar a diabetes tomo 18 comprimidos. Antes trabalhava na Itaipu, mas tive que me aposentar por invalidez, com um benefício mínimo. E sempre tenho que consertar a cadeira. Quando não tem jeito, lá se vão R$ 7 mil para compra de outra‘, explica.
Sempre ativo, o aposentado teve dificuldades em se adaptar à rotina imposta pela cadeira de rodas. ‘Sou acostumado a trabalhar, e ainda ajuda meus filhos com a empresa de construção deles. Até porque, assim ainda consigo me manter sem depender de favor, pois apenas com aposentadoria não dá!‘, diz. Mesmo com a rua localizada numa ladeira, repleta de depressões, pedras e pregos, Pedro ainda consegue vencer os obstáculos. ‘Para subir, tenho de ir de costas para controlar melhor a velocidade. Já para preservar os pneus, desisti de usar câmaras de ar. Agora utilizo rodas com isopor no interior‘.
A casa de Pedro fica na esquina com a Rua Irineu Araújo, que, como muitas outras, já foi completament pavimentada. ‘Na época em que trabalhava, conseguimos reunir os vizinhos e negociar um asfalto. Depois que tive de me aposentar, como muitos moradores desta rua não se interessaram, a rua foi ficando abandonada‘, afirma.
Circuito da terra
Além da Rua Marcialiano Ferreira dos Santos, quem passa por esta região do Santa Cândida encontra um trecho típico de rali nas ruas João Kânia, Paulino Franco de Carvalho e Rua Mário Beraldi. ‘Está muito complicado, excesso de velocidade, muito pó, muito barro. Por se tratar de uma via que liga as duas principais da região tem muito movimento‘, conta Luciano Pontes, morador do bairro.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas, a Rua João Kânia – no trecho entre as ruas Theodoro Makiolka e São Gerônimo da Serra – tem previsão de implantação de pavimentação na Lei Orçamentária Anual deste ano. Assim como a Rua Marciliano Ferreira dos Santos, que já foi licitada e deve ser asfaltada no trecho entre as Ruas Dr. Francisco N. de Camargo e Dr. Álvaro T. Pinto. Segundo a secretaria, as outras ruas não devem receber pavimentação.