Escondida nas ruas do Santa Cândida está a Associação Paranaense de Apicultores (APA). Há 22 anos, o professor Sebastião Ramos Gonzaga, presidente da entidade, se dedica a disseminar o conhecimento que acumulou sobre as abelhas para mais de 80 associados, além de estudantes que visitam o lugar para conhecer o processo de produção do mel.
Ao longo deste trabalho, a associação adotou o bairro como sua casa oficial. A entidade existe desde 1968, mas apenas há duas décadas os apicultores conquistaram uma sede própria. ‘Temos uma sede no Portão, mas lá é uma estrutura pública. Este prédio no Santa Cândida representou uma conquista para a associação‘, afirma o professor. Com benefícios já comprovados no tratamento de resfriados, anemia, dores de garganta, artrite e no controle do colesterol, o professor garante que o mel possui 181 virtudes já comprovadas.
‘Tenho 81 anos de idade e ainda mantenho a saúde porque sempre como uma pequena colher de pólen com um pouco de mel. Este é apenas um segredo para continuar com vigor e disposição. Na APA, buscamos priorizar as propriedades de alimento do mel, mas além das saborosas combinações que o mel proporciona ao paladar, temos o própolis, a cera e a geleia real, que também têm muita utilidade‘, explica.
Para ser um produtor de mel é imprescindível ter o máximo de conhecimento para entender o comportamento da abelha. Em 35 anos de apicultura, o professor já levou 81 picadas de uma vez e sentiu apenas uma coceira. ‘Existem pessoas que são mais sensíveis, outras menos. Também ocorre o mesmo para pessoas que são hipoalérgicas e hiperalérgicas. No começo é comum levar ferroada, por isso hoje é essencial o uso de um macacão com máscara‘, conta.
Qualidade garantida
A APA serve como braço do Ministério da Agricultura para garantir a qualidade do mel produzido no Estado e também desenvolveu cursos para instruir como manejar as abelhas para evitar incidentes. Para retirar o mel com segurança, Sebastião explica como usar o fumigador para evitar ser atacado por um enxame. ‘Criar abelhas é um desafio, pois é preciso saber como ela irá reagir. A técnica do fumigador foi desenvolvida pelos egípcios, que perceberam que com a fumaça a abelha enchia o papo de mel e ficava à espera de fogo, pois achava que seria queimada. Assim, ela fica mais lenta e menos agressiva, e o produtor consegue tirar o mel do favo com tranquilidade‘, revela.
Além dos cursos, a associação recebe escolas para visitação. ‘Sempre recebemos estudantes, pois é realmente muito ilustrativo ver na prática. Estamos com duas turmas para receber após agosto, porque com o frio não conseguimos mostrar as colmeias devido à necessidade de manter a temperatura sempre regulada em 35 graus. Recebemos colégios de toda cidade, inclusive da região metropolitana. Basta fazer o contato‘, afirma.
Sabores diferenciados
Todos os associados da APA são da Região Metropolitana de Curitiba, pois a maioria das abelhas no país veio da África e são muito agressivas. ‘Atualmente, a abelha nativa do Brasil está ameaçada e já entrou para o livro vermelho das espécies. Esta é aquela mais comum, que não possui ferrão. Temos algumas abelhas europeias, mas não silvestres e estão apenas em algumas criações. E temos a abelha africana, que produz mais mel que as demais‘, diz.
Na própria associação, é possível encontrar pote de mel, própolis para garganta e caixas de mel. Quem desejar um mel diferenciado pode perguntar diretamente para o professor, que confirma que todo mel tem seu diferencial. ‘Por mais que seja a mesma espécie de abelha, o mel produzido em Bocaiúva do Sul será diferente do que é feito na Lapa. As flores e todo o ecossistema de uma região a simples 10 quilômetros de distância já são suficientes para tornar o paladar de um mel diferenciado de outro‘, ensina. Segundo o professor, uma colmeia chega a produzir uma média de 25 quilos de mel por ano.
Serviço:
Associação Paranaense de Apicultores (APA)
Rua Mário Beraldi, 400 – Santa Cândida
Fone: 3256-0504
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