Paraíso queimado

Cansados da dependência do aluguel e insatisfeitos com os altos preços dos imóveis de Curitiba, Karin Suely Ropelato e Marcelo Antonio Maiettini viram a oportunidade de mudar de vida em uma propriedade no bairro Roseira, em Colombo. Há um mês o sonho do casal virou cinzas, após um acidente que deixou a tão sonhada casa própria completamente tomada pelas chamas.

A suspeita do casal é de que o fogo tenha começado com uma brincadeira de criança. O filho de Karin, de apenas quatro anos, teria riscado uma caixa de fósforos e ateado fogo em algumas sacolas plásticas. Assim que sentiu o cheiro de queimado, a mãe, que preparava o almoço, correu para socorrer a criança. Com o filho já em segurança, ela se desesperou, pois lembrou que já estava há mais de dois dias com a caixa d’água completamente vazia. Instintivamente, ela ainda tentou confirmar, em vão, se por acaso sairia alguma gota pelas torneiras.

O pequeno foco de fogo se espalhou pelas paredes e tomou o forro da casa. “Enquanto o fogo estava nas sacolas era apenas jogar um balde de água e acabava. Mas o calor foi crescendo e não havia nada que se pudesse fazer. Foi quando liguei para os bombeiros”, lembra Karin. Segundo ela, os bombeiros apareceram apenas meia hora após o chamado, porém tudo já estava perdido. O calor da casa em chamas foi tão grande que os cabelos de Karin queimaram pelo bafo do fogo.

“O incêndio acabou com tudo que havíamos comprado para começar nossas vidas. Meu marido pagou o terreno com o fundo de garantia que recebeu após ser demitido, e pelo valor apenas conseguimos nessa região”, conta. Até a aliança de casamento de Karin ficou debaixo dos escombros. Para piorar ainda mais a situação, Marcelo fez um empréstimo de R$ 14 mil no banco para finalmente terminar a construção da casa. “Meu marido estava afobado para ajeitar logo o lugar, porque essa região é linda e só a casa estava meio caída”, conta.

A perda da família foi colossal. Eles não saíram nem com a roupa do corpo da tragédia. “O fogo destruiu a moto que acabamos de comprar, televisão, todos móveis e roupas. Com o calor que fez nesse verão, na hora do incêndio meu marido estava apenas de cueca. Foi a única coisa que sobrou”, lembra.

Depois do episódio, o casal passou a compartilhar um sofá-cama na sala da irmã de Marcelo. Apesar de não ter levado nada da casa na Roseira, Karin acredita que teve sorte. “Chego a tremer quando penso que algo poderia ter ocorrido com meu filho. Agradeço a Deus pela saúde que ainda tenho para conseguir correr atrás de tudo que perdemos, mas o que realmente importa é a vida que preservamos”, afirma.

Água, só à noite!

Tucanos, cotias e beija-flores. Rodeados por uma vasta fauna, tudo era um paraíso para a família. Até que perceberam os problemas que o paraíso escondia no final do primeiro mês morando na Rua Luciano Betinardi, em uma região elevada da Roseira. “Desde que nos mudamos para essa casa sofremos com a falta de água. Fico triste porque isso tudo poderia ter sido evitado. Por mais de cem vezes liguei para a Sanepar alertando sobre o problema”, afirma.

De acordo com Karin, alguns técnicos da Sanepar apareceram para avaliar a situação. “Eles já vieram aqui. Mexeram no contador, no registro, em tudo que podiam. Nesses últimos três anos apenas vinha água pela noite, e isso quando tinha. Toda semana passávamos pelo menos dois dias com a caixa d”água completamente vazia”, conta.

A Sanepar informou que duas reclamações, uma no ano de 2012, e outra em janeiro de 2013, foram registradas neste endereço. Na época, a explicação dos fiscais a Karin foi de que a região possuía problemas pela difícil localidade. De acordo com a Sanepar, a baixa pressão dificulta para que regiões mais altas recebam o abastecimento de água e seria necessário uma intervenção de engenharia para buscar uma solução.

Tijolos são bem-vindos!

Depois do acidente, Karin conta que recebeu grande apoio de familiares e amigos. “Fomos surpreendidos pela grande ajuda de amigos e parentes. Eles até montaram campanha em redes sociais contando nossa história e pessoas que nem conhecemos contribuíram”, conta. Segundo ela, o que o casal mais precisa é material para construção.

“Estamos lutando para reerguer nossa casa. Recebemos móveis e eletrodomésticos, mas atualmente não temos lugar para guardar nada”, conta. Fora do mercado de trabalho há algum tempo, a ex-pesquisadora do IBGE conta que agarrou a primeira oportunidade de emprego. “Sempre lutamos para ter nossas coisas. Quando surgiu uma vaga no serviço geral do Hospital de Clínicas não pensei duas vezes”, diz.

Serviço

Quem desejar ajudar o casal na reconstrução de sua casa pode entrar em contato com Marcelo Antonio Maiettini pelo telefone (41) 9520-4275 ou enviar contribuições para:

HSBC – código banco 399
Ag. 1996- C/C 08.127-34 – CPF 650.473.389-91.

http://youtu.be/_zTiTGvhOhE

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