Avenida da vergonha!

A placa já diz tudo: “Esta é Avenida Gralha Azul, retrato da administração pública de Campo Largo. Uma vergonha”. Quem assina o protesto são os moradores do bairro Ferraria, no município da Região Metropolitana de Curitiba, que precisam encarar diariamente a situação precária da via.

Sem asfalto, a rua é coberta de pedras e diversas irregularidades no chão de terra batida, o que dificulta a vida de quem passa por ali. Além disso, é preciso fôlego para percorrer a via, já que as subidas e descidas são íngremes. A situação acontece em praticamente todas as nove quadras da avenida, salvo por um breve trecho com antipó.

Aos 68 anos, dona Aparecida tem que andar “pisando em ovos” pra não se machucar. Foto: Ciciro Back“É difícil e tá feia a coisa”, diz, quase sem fôlego, a dona de casa Aparecida Pereira, 68, que mora na avenida há três anos e encara a situação diariamente. Para ela, o principal problema é o risco constante de acidentes no terreno irregular.

“Temos que andar pisando em ovos, como diz o ditado, e tomar muito cuidado senão alguém pode virar o pé e se machucar”, alerta.

A auxiliar de limpeza Uzielita Brites, 40, demonstra facilmente quais problemas são causados pelas más condições da avenida. Além de ter dificuldades para conduzir o carrinho de bebê onde leva sua filha, de um ano e oito meses, ela aponta a saúde da filha como um retrato da situação.

“A gente sofre bastante, as crianças têm muita alergia. Olha como tá minha filha, estou fazendo um tratamento de dois meses já”, lamenta.
Andar com o carrinho do bebê é um desafio pra Uzielita e Aline. Foto: Ciciro BackAlém disso, a alteração entre tempo seco com muito pó e dias de chuva com uma rua de lama é comum a todos os moradores. “Estava indo pro colégio mas tive que voltar depois que eu cai na lama”, conta a estudante Aline Regina, 19. “Nem dá pra colocar roupa pra secar no varal. Fica um poeirão”, completa o morador Daniel Barbosa, 62.
Jionatan e Daniel dizem que rua é um caos há pelo menos 18 anos. Foto: Ciciro BackProtesto

O descontentamento dos moradores é tanto, que Daniel concorda com a iniciativa de instalar a placa de protesto na avenida. “É uma vergonha. Esta rua é um caos”, critica. Assim como o vizinho Jionatan Garcia, 32, ele não acredita em uma solução rápida. “Moro aqui há 18 anos e sempre foi assim. Não mudou nada e não adianta”, diz. “Eu só acredito vendo, quando as máquinas estiverem aqui e ainda assim tenho medo de virem uma vez e não voltarem mais”, desabafa Daniel, desesperançoso.
Moradores de Campo Largo, fazem placa pra denunciar estado precário das ruas. Foto: Ciciro BackPrefeitura divide a conta

O secretário de municipal de Obras, Luiz Carlos Cecato, afirma, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Largo, que está sendo realizado o saibramento na avenida. A previsão é que o trabalho seja finalizado hoje. No entanto, os Caçadores de Notícias estiveram ontem no local, percorrendo toda a extensão da via, e não encontraram nenhum trabalho em andamento nem máquinas na via.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o asfaltamento na avenida será colocado no cronograma de obras do município, mas ainda não há previsão de quando o trabalho será realizado, já que se trata de uma obra comunitária e que precisa da colaboração dos moradores na arrecadação dos recursos para o serviço.

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