Que os idosos têm dificuldades de locomoção, o corpo e a mente mais lentos e que precisam de atenção especial todo mundo sabe. Mas será que você, que ainda não passou dos 60 anos, faz ideia mesmo de como é ser idoso? Um grupo de adolescentes de 16 e 17 anos foi levado ao Laboratório de Biomecânica da PUCPR, ontem – Dia Nacional da Biomecânica – e sentiu literalmente na pele como são estas limitações e o que fazer para chegar sem elas na velhice.
Depois de uma aula de biomecânica, conduzida pelo professor Eduardo Scheeren, os alunos puderam passar pela experiência de ser um idoso. Alguns jovens foram vestidos com uma roupa que faz as articulações do corpo ficarem limitadas e mais pesadas, além de usarem um colete que simula a curvatura da coluna de um idoso (mais arcada para frente), o que geralmente tira as pessoas mais velhas de um eixo de equilíbrio e as faz ficarem mais propensas a quedas.
“Eu não tinha noção de como era ser idoso. O colete dificulta o equilíbrio e a roupa limita muito os movimentos”, descreveu Vilmar Heinzen Júnior, 16 anos, aluno do 3.º ano do Ensino Médio. Vilmar teve dificuldades em subir escadas, pois as articulações não dobravam direito, e também dificuldades em equilibrar-se em cima de uma plataforma em movimento.
Juliana Cristina de Oliveira, 17 anos, também aluna do 3.º ano, sentiu tanta dificuldade quanto Vilmar. Ela já teve idosos na família, mas não imaginava que era desta forma que o corpo das pessoas mais velhas se comportava. “Hoje eu percebi a importância da atividade física e de uma boa alimentação, pra chegar bem na velhice”, ressaltou.
Saúde
Além de mostrar aos alunos sobre os usos da biomecânica – já que a maioria dos jovens ainda está decidindo que curso fazer na universidade – os profissionais também quiseram mostrar a importância da atividade física e da boa alimentação, para se chegar a uma velhice saudável.
O médico ortopedista Antônio Krieger, especialista em cirurgia da coluna, explica o quanto exercitar-se a vida toda, desde cedo (adolescência), fará com que estas limitações na velhice sejam muito atenuadas. “O corpo é que nem um carro. Temos que dar manutenção à máquina. Às vezes vemos um carro antigo, da década de 50, por exemplo, inteiro, funcionando muito bem. Por quê? Porque durante toda a sua vida recebeu bom combustível, manutenção preventiva. Nosso corpo é igual. Precisamos nos alimentar direito e estar sempre fazendo atividades físicas”, explica o ortopedista.
“Ninguém gosta de perder a independência e não ter autonomia para sentar-se sozinho, vestir uma roupa ou ir ao banheiro. Então, a prevenção tem que começar logo, na idade que vocês estão”, alertou Antônio aos estudantes. Ele também explicou que não importa qual seja a atividade. O importante é que seja prazerosa, para que estimule a pessoa a praticá-la sempre. E mesmo que a pessoa já tenha mais de 40, 50 ou 70 anos – mesmo que o corpo já esteja comprometido pelo sedentarismo ou a má alimentação – nunca é tarde para começar uma atividade.
Movimentos calculados
O professor Eduardo Scheeren mostrou aos alunos que a biomecânica une especialidades de diversas áreas, como por exemplo, a engenharia mecânica, a física, a educação física, a fisioterapia, entre outras diversas disciplinas, para estudar os movimentos do corpo humano em diversas fases da vida.
No laboratório da PUCPR, especificamente, os alunos de mestrado e doutorado estudam a terceira idade, para saber como se comportam os movimentos do idoso em diversas situações e as diferenças de quem teve uma vida ativa, sempre praticando atividade física, e uma pessoa de vida sedentária.
A partir destes estudos, explica o professor, o objetivo é propor treinos específicos para idosos, para que eles possam fazê-los em casa, antes de sair para algum lugar, e evitar na rua quedas e outros problemas gerados pelas limitações de movimento e desequilíbrio.
Desafio
A atividade de ontem teve mais um propósito. Conforme o doutorando Caluê Papcke, a mesma atividade feita na PUCPR foi repetida em laboratórios de biomecânica ao redor do mundo, com alunos do Ensino Médio, com o objetivo de fazer com que 30 mil estudantes passassem pela mesma experiência e conhecessem a biomecânica. A ação está sendo coordenada pelo professor Paul DeVita, da Universidade da Carolina do Leste, nos Estados Unidos.