A tradição das fanfarras e bandas escolares resistiu ao tempo e continua atraindo o interesse de crianças e adolescentes, que ainda se encantam pela magia da música e pela beleza dos movimentos da dança com bandeiras, mastro e outros objetos. Em Curitiba, as práticas musicais e as noções de instrumentação, orquestração, harmonia e domínio instrumental são ensinadas às crianças em algumas escolas da rede municipal. É o caso da Escola Municipal Papa João XXIII, do Portão, que possui uma fanfarra há cinco anos, que atualmente conta com cerca de 40 alunos participantes, com idades de 6 a 12 anos.
O projeto é viabilizado pela Secretaria Municipal de Educação e conta com apoio dos diretores, professores e familiares dos alunos, que fazem com que as crianças tenham as condições necessárias para ensaiar e se apresentar em concursos e desfiles, representando a escola. Durante a semana, os integrantes da fanfarra da Papa João XXIII participam de dois ensaios de uma hora, comandados pelo maestro Levi Pereira da Silva, 58 anos. “As crianças começam sem nenhuma noção musical e, aos poucos, vão desenvolvendo suas habilidades. Na fanfarra elas têm a oportunidade de aprender a tocar instrumentos como trompete, corneta, bumbo, caixa, prato, surdo e lira”, explica.
O maestro tem larga experiência na música e mais sete pessoas na família atuando com fanfarras. “Trabalhar com fanfarra infantojuvenil rejuvenesce a gente. Lidar com crianças faz com que a gente fique mais leve e mais alegre. Mas cobro eles como cobro os adultos: pegou o instrumento e vestiu o uniforme, tem que fazer direitinho. Faço isso para explorar a capacidade deles. Quando provocados, muitos talentos são descobertos e é gratificante ver os resultados”, ressalta.
Orgulho pra comunidade
Para o vice-diretor da Escola Municipal João XXIII, Fabiano Pereira Medeiros, ter uma fanfarra na escola traz vários benefícios. “Ajuda as crianças, não só com a musicalidade, mas também com a melhora da disciplina, foco e concentração. Os pais e os professores também notam esta diferença e elogiam o projeto, que envolve toda a comunidade. É emocionante ver as apresentações feitas pelas crianças, é de arrepiar ver a transformação pela qual elas passam”.
Quem também se emociona é a dona de casa Florilda Olinto, 62. Avó de uma integrante da fanfarra, ela não perde nenhum ensaio das crianças. “É uma alegria, venho sempre, só falto se eu ou algum familiar fica doente. Também ajudo nas apresentações, pra ver se todos estão com o uniforme certo. Fico muito orgulhosa deles e principalmente da minha neta, que toca trompete na fanfarra”.
Paixão e dedicação
Neta da “vovozinha”, a adolescente Anna Júlia Olinto Prestes, 11, está na fanfarra há quatro anos. “Estar no grupo e poder tocar representa muita coisa para mim. É um aprendizado a mais e uma maneira de seguir na música, que é minha vida, me interesso por música desde os três anos de idade”.
Assim, como ela, sua colega Nathaly Oliveira, 12, também se dedica com muito amor à fanfarra. Só que Nathaly integra o corpo coreográfico da fanfarra, que é liderado pela professora de dança voluntária Kelly Polanski, 23. “Participei de outra fanfarra na escola onde estudava, lá tocava um instrumento, mas não era o que mais gostava de fazer. Quando entrei aqui e soube do grupo de fanfarra, pedi para fazer parte do corpo coreográfico. Sempre gostei de dançar e hoje não imagino minhas tardes de segunda e sexta-feira sem os ensaios de dança na fanfarra”, relata.