Piraquara

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Internada por 90 dias, Tais Pereira do Nascimento ficou entre a vida e a morte. As queimaduras atingiram 45% do corpo. A mãe havia sido informada pelos médicos que dificilmente a filha sobreviveria. Contrariando as expectativas, Tais conseguiu se recuperar, mas nunca deixou de ter as marcas nas costas, quadril e no braço direito. Sinais que explicam a timidez. “À praia eu não vou. Não me sinto bem e acho até melhor evitar. Algumas pessoas olham com cara feia. Quando eu estudava foi uma das piores fases, porque me olhavam demais e eu ficava magoada. No segundo ano eu parei de estudar”, revela.

Parkinson

Tais perdeu o emprego por não ter equilíbrio nas mãos. Foto: Antonio More
Tais perdeu o emprego por não ter equilíbrio nas mãos. Foto: Antonio More

As mãos de Tais tremem durante todo o tempo. Em alguns momentos, a tremedeira é agravada. “Quando eu fico mais nervosa”, explica. O motivo, segundo os médicos que acompanharam o caso, é um Mal de Parkinson pós-traumático – doença neurológica crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central e compromete os movimentos.

A causa exata da doença ainda é desconhecida, mas pesquisadores sugerem que seja uma enfermidade genética hereditária, apesar de poder estar também relacionada a traumas. Segundo ela, os médicos afirmaram que a medicação só poderá ser utilizada quando chegar aos 35 anos. Enquanto isso, Tais precisa lidar com os movimentos involuntários.

Sem emprego

A tremedeira fez Tais perder o emprego. Completando um ano em uma empresa de componentes eletrônicos, foi demitida devido à falta de firmeza nas mãos. “Estava no setor de solda, como auxiliar de técnica em eletrônica. Como comecei a tremer demais, minha patroa achou melhor me dispensar. Não conseguia lidar com a função. Me batia demais e demorava mais que as outras pessoas para fazer minhas tarefas”, desabafa. Filha de uma doméstica e um mecânico, encontra dificuldades para bancar as despesas da filha, de apenas dois anos.

Cirurgia cara

Foto: Antonio More
Tais aguarda há dois anos cirurgia pelo SUS. Foto: Antonio More

Por ter sido queimada quando estava em fase de crescimento, Tais amarga uma complicação nas costas. A pele está afundando e o problema pode se tornar irreversível. “O médico já me disse que se eu não operar, vai ficar tudo para dentro e sem chances de recuperar”.

O custo para o procedimento é de R$ 30 mil. Amigos fizeram um abaixo-assinado para tentar agilizar a cirurgia. Quase 500 assinaturas foram coletadas em pouco tempo, para tentar “fazer a fila do SUS andar mais rápido”. Há dois anos na espera, Tais não perdeu a esperança de ser chamada e poder abrir mão da vergonha que sente do corpo.

Ela já conseguiu uma clínica para fazer a cirurgia plástica reparadora e um doador que vai bancar metade do valor do procedimento. Mas ainda faltam R$ 15 mil. “Decidi abrir uma campanha no vakinha (site que permite a contribuição em dinheiro por amigos e desconhecidos) e comecei a torcer. Fiz isso há pouco tempo, e espero que consiga o dinheiro suficiente. Qualquer contribuição é de grande ajuda”, diz, esperançosa.

Prioridade

A Secretaria da Saúde de Curitiba alega que a entrada de Tais na fila do SUS aconteceu no dia 13 de maio de 2016 e não havia a solicitação de prioridade no procedimento –  o que deveria ter sido requisitado pelo município de Piraquara, onde ela reside. Após ser procurada pela Tribuna, a Prefeitura de Piraquara alegou que o protocolo da paciente foi priorizado no sistema às 16h35 de ontem (1º de setembro). Apesar disso, não há prazo para que a cirurgia seja feita. Também consultado pela reportagem, o Hospital Evangélico de Curitiba, responsável pelo procedimento, não se pronunciou sobre o caso.

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Ricardo Pereira

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