Megamocó

Uma quadra imensa, com esqueletos de construções, inteiramente à disposição de invasores, que se abrigam no local com os mais diversos objetivos. Isso é realidade no antigo endereço do Consórcio Casagrande e da locadora de veículos Elba, na região entre os bairros Xaxim e Capão Raso. Faz três anos que a quadra comercial deu lugar a um espaço ameaçador que oferece possibilidades gigantescas para a criminalidade e tragédias.

A área ocupa a altura do número 7.500 de uma das principais vias rápidas da região, a Rua André Ferreira Barbosa. Já a frente do terreno está voltada para a Linha Verde. Como se não bastassem essas duas vias bastante movimentadas pelo trânsito de veículos e pedestres, uma das laterais da quadra corresponde à Rua Olindo Sequinel, por onde circulam muitas pessoas, principalmente no final do dia.

“O pessoal sai para caminhar na região e usa muito a Olindo Sequinel e todas as ruas dessa quadra. Nós que estamos trabalhando ficamos apreensivos, porque se alguém for arrastado da rua para esse mocó simplesmente não tem chance nenhuma de ser salvo”, comenta o soldador Rodinei Antonio Mariote, 33 anos. Ele trabalha há oito anos na quadra aos fundos do “mocó”, na Rua André Ferreira Barbosa, e diz que o fim das atividades comerciais no local interferiu na rotina de todos os estabelecimentos do entorno. “O pessoal começou a fechar mais cedo, porque se sente ameaçado”. Antes da desativação do imóvel, ficava até 21h30, porque aproveitava para adiantar o serviço enquanto esperava a esposa sair do trabalho. “Agora eu acho arriscado, por isso saio daqui às 19h e fico no estacionamento do shopping esperando o fim do expediente dela”.

“Noias brotam da terra”

Abandono da megaestrutura, há três anos, deixa vizinhos apreensivos. Marginais e usuários de drogas tomam conta do local. Foto: Lineu Filho
Abandono da megaestrutura, há três anos, deixa vizinhos apreensivos. Marginais e usuários de drogas tomam conta do local. Foto: Lineu Filho

O irmão de Rodinei, o também soldador Paulo Roberto Mariote, 28, conta que o terreno não contava nem com cerca de isolamento até uma mulher ser assaltada, há uns 10 meses. Nós tentamos ir atrás do bandido que saiu do terreno para roubar a moça, mas não conseguimos. Só depois disso colocaram a cerca, que não resolve”, explica. “De noite, a impressão que temos é de que os noias brotam da terra nesse lugar. E eles atravessam as ruas sem olhar para os carros”, acrescenta o motorista Israel da Silva Rosa, 19.

Segundo a vizinhança, a circulação de carros caros dentro do espaço dá indícios de tráfico de drogas no endereço. O espaço também é usado para descarte irregular de lixo, entre eles várias telas de televisores.

A Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) informa que o terreno é particular e já foi autuado duas vezes, em função de não cumprir com a limpeza do espaço e da área de passeio e pela não vedação. A SMU se comprometeu em solicitar uma nova vistoria com fins de autuação. Feito isso, o proprietário do imóvel será multado. Conforme o órgão, o poder público municipal tem seguido os trâmites legais para conseguir que o terreno deixe de ser uma ameaça aos moradores.

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Magaléa Mazziotti

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